Entre o legal e o ilegal - ameaças a democracia e captura do Estado
Redes de poder(de fato) são a marca registrada das velhas elites no mundo, mas também de novos grupos de poder que se forjaram nos últimos anos a partir da globalização e do triunfo do neoliberalismo. É nas brechas desse novo mundo que estão sendo fortalecidas e (re)construídas as novas/velhas ameaças à democracia. Atores que manipulam de forma legal e/ou ilegal instituições, mercados, consumidores, opinião pública para aumentar lucros, poder e visibilidade. Estruturas que vão desde o crime organizado da América Latina até relações aparentemente legais feitas por empresas formalmente constituídas.
Pesquisas, vindas de diferentes países, mostram que os verdadeiros donos do poder, de fato, controlam o Estado, ou seja, quem influencia suas decisões são justamente aqueles que o governo deveria fiscalizar e limitar seu poder. Esses poderes fáticos controlam territórios, o cotidiano de milhares de pessoas, determinam políticas, criam imaginários políticos e até mesmo religiosos. Muitos afirmam que não seria possível tanta injustiça social e violações de direitos se esses atores não fossem em alguns contextos o próprio Estado.
O webdossiê que apresentamos aqui traz um recorte desse cenário, a partir de múltiplas realidades no Brasil, no Chile, no Triângulo Norte da América Central e na Colômbia, para desvelar as conexões e interesses desses atores.
Expediente
Editores:
Annette von Schönfeld e Marilene de Paula
Assistente de Edição:
Manoela Vianna e Hannah Forst
Webdesign:
FW2
CRIME ORGANIZADO
A publicação [...] olha umas das facetas desses poderes fácticos: qual o papel do Estado em relação às principais organizações criminosas no Brasil. Os autores [...] têm acompanhado o tema ao longo de muitos anos e nos trazem os caminhos que percorreram as duas principais facções criminosas do Brasil: o Primeiro Comando da Capital, grupo originário de São Paulo e o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro.
PROTEÇÃO PATRIMONIAL X DEFESA DA VIDA
No final de 2019, nos encontramos frente a um paradoxo: as notícias contavam que o número de mortes por homicídio finalmente caiu na cidade, mas ao mesmo tempo que nunca antes a polícia teria matado tantas pessoas em um ano. Foram 1.546 pessoas de janeiro a outubro de 2019 e ainda faltam ser contabilizados os dois últimos meses do ano, quando lançamos essa publicação.