A cartilha “Era assim ou foi veneno? Nossos corpos e nossos territórios expostos aos agrotóxicos” tem o objetivo de fortalecer as comunidades tradicionais no enfrentamento do problema da contaminação por agrotóxicos no Brasil. A publicação foi idealizada e realizada pelo Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas (FONASC-CBH), da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. A cartilha faz parte de um projeto em parceria com a Embrapa Pantanal, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O projeto conta com apoio da Fundação Heinrich Böll.
Fernanda Savicki, uma das autoras da publicação e pesquisadora da Fiocruz, ressalta que um dos desafios de se combater os impactos dos agrotóxicos no ambiente e na saúde das pessoas está na dificuldade de relacionar a causa ao dano. "Uma contaminação imediata ou aguda por agrotóxicos é mais fácil de identificar. Um vazamento de produtos tóxicos, por exemplo, pode causar a morte de plantas, peixes e animais ao redor. Contudo, não é muito fácil determinar se esta contaminação também é responsável pela diminuição da produção de frutas do pomar que está próxima ao terreno que sofreu a contaminação", explica.
Diante desta dificuldade surgiu a ideia de elaborar uma cartilha para que todos possam entender melhor as consequências do uso de agrotóxicos na saúde ambiental e humana. Segundo a pesquisadora, qualquer pessoa pode observar o seu entorno e identificar as mudanças nas plantas e animais, na água, no solo e na própria saúde. “A ideia é despertar esse olhar mais direcionado aos moradores das comunidades, porque eles vão saber melhor do que ninguém identificar as mudanças em seus territórios”, diz Fernanda.
A Cartilha é ilustrada e composta por seis capítulos que trazem informações sobre: vigilância em saúde ambiental, vigilância em saúde, caminhos e alternativas, como denunciar e informações sobre o projeto executor. "Esta é uma oportunidade que temos para disseminar importantes informações de forma objetiva para um público amplo e diverso. ”, explica Alexandra de Pinho, coordenadora do projeto e pesquisadora da UFMS.
“Nosso desejo é que essa cartilha fortaleça as comunidades na resistência e no enfrentamento do problema do uso extensivo de agrotóxicos no Brasil. Além disso, trata-se também de propor outra maneira de produzir alimentos, mais saudáveis, respeitando a conservação ambiental, a diversidade cultural, e os povos originários e as comunidades tradicionais e camponesas”, finaliza Alberto Feiden, pesquisador da Embrapa Pantanal.