Está no ar o novo Webdossiê sobre Religião e Política da Fundação Heinrich Böll em parceria com o Instituto de Estudos da Religião

A Fundação Heinrich Böll, em parceria com o Instituto de Estudos da Religião (ISER), lança o Webdossiê Religião, Democracia e Extrema Direita. Com publicações, vídeos e artigos de diversos especialistas dos temas da religião e da extrema direita, o Webdossiê propõe reflexões sobre a correlação de forças políticas atuais, levando em consideração os aspectos religiosos e as profundas mudanças na sociedade brasileira ao longo dos últimos anos. 

Frente Parlamentar Evangélica (FPE) realiza reunião.

Há 10 anos a Fundação Heinrich Böll e o Instituto de Estudos da Religião (ISER) lançaram sua primeira publicação sobre o tema da religião no espaço público e sua ligação com a política institucional, na intenção de entender o projeto político liberal, conservador e fundamentalista que já naquele momento se anunciava como forte componente da política brasileira. 
Em 2013, o deputado federal Pastor Marco Feliciano era eleito para a Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Antes ocupada historicamente pelas esquerdas, esse movimento dos evangélicos dava um recado claro: a disputa pelo significado de Direitos Humanos, de família e de gênero. Dez anos depois esse projeto multifacetado e com diferentes atores religiosos, mas não só, foi a ponta de lança para a polarização da sociedade brasileira. Hoje, há um consenso de que, ao analisar a política brasileira, é essencial destacar as lideranças religiosas cristãs, evangélicas e católicas, que se tornaram ainda mais importantes.

O pertencimento religioso e as lideranças religiosas cristãs são hoje um player incontornável na política. Ávidos por se colocarem na cena pública, trazem consigo as contradições de uma sociedade brasileira modificada, na qual ganhou destaque para grande parte desse grupo uma gramática moral de defesa de valores tradicionais, que hierarquiza a sociedade nos “bons” e nos “maus” e trabalham a partir de uma visão heteronormativa de família, além de demonizarem os fiéis das religiões de matriz africana.

Embora existam grupos de esquerda ou pró-Direitos Humanos dentro do campo das denominações religiosas cristãs, que vêm a público condenar atitudes racistas, homofóbicas e sexistas desse campo, o projeto liberal conservador fundamentalista tornou-se mais e mais hegemônico, mobilizando a população. Soma-se a esse cenário o avanço da extrema direita no mundo e o Brasil não ficou de fora dessa onda, aqui representada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

O Webdossiê conta com artigos de Christina Vital (ISER e UFF), co-organizadora nessa produção, Ana Paula Miranda (UFF), Camila Rocha (CEBRAP) e Esther Solano (UNIFESP), Flávia Biroli (UNB), Flávia Rios (UFF), Michel Gherman (UFRJ), Nina Rosa (UFMG), Olivia Bandeira (UNICAMP e Intervozes) e Ricardo Mariano (USP), que contribuem para a leitura política desse campo e nos ajudam a pensar como coibir o avanço da extrema direita na sociedade.

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