Raça, gênero e classe

Raça, gênero e classe:

as interseccionalidades da estrutura fundiária brasileira
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Esta publicação faz parte do Webdossiê "Disputas e desafios do modelo agrário brasileiro: quando novos instrumentos reforçam velhas desigualdades".

Os indicadores de desigualdade são gritantes quanto olhamos para os padrões de acesso e controle da terra. Desde a década de 1980 vivenciamos um crescimento da desigualdade fundiária no globo. Enquanto, hoje, 1% das maiores propriedades operam e controlam 70% da terra agrícola, 84% das propriedades com menos de 2 hectares disputam apenas 12% de todas as terras. Dentre as várias regiões, a América Latina segue sendo a região mais desigual do mundo em termos fundiários.

A trajetória da América Latina demonstra a permanência da desigualdade fundiária e o Brasil se destaca nesse conjunto. A estrutura fundiaria reflete logo um dos principais eixos de desigualdade brasileira. Suas raízes estão fincadas nas instituições coloniais ibéricas excludentes e racistas - ou seja, o monopólio da terra e a escravização de povos africanos e o genocídio de povos indígenas – que foram construidas e perduraram do seculo XV ate os dias atuais.

O monopólio de recursos no período colonial, em particular da terra, e a forma como nossa sociedade evoluiu geraram um processo de “institucionalização da desigualdade e do racismo”, consolidando e reproduzindo instituições e regras formais e informais que bloqueiam o acesso a terra a determinados grupos sociais, e legitimam um sistema de exclusão política, de discriminação social e racial e da instituição de relações de trabalho coercitivas. Essas estruturas aprofundam e renovam permanentemente a desigualdade, que no Brasil, como em muitos paises do mundo, tem raça, classe e gênero.

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