É inaceitável que uma política de segurança pública seja regida por ações policiais violentas, com dezenas de mortos, como o que aconteceu ontem (24/05) na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha/RJ. Em um regime democrático o Estado não pode ter total desrespeito pela vida humana. A chacina teve um saldo de 25 mortos e pelo menos uma moradora foi morta por uma bala perdida, resultado do confronto.
A Fundação Heinrich Böll espera que haja uma investigação ampla, com a participação de órgãos de controle, do Judiciário e sociedade civil.
Segundo pesquisadores do GENI/UFF, parceiros da Fundação, entre 2007 e 2021, ocorreram 593 chacinas policiais na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em que foram mortos 2374 civis e 19 policiais. Apenas este ano, já ocorreram 16 chacinas policiais com 71 mortos. As operações policias violentas, com grande número de mortos, não podem ser a regra para uma ação em qualquer território da cidade.
Quantas crianças não foram para a escola? Quantos postos de saúde deixaram de atender pacientes? Quantos ônibus não circularam? Quantas pessoas em pânico se esconderam dentro de suas casas temendo pelo pior?
A Fundação atua desde 2000 no Brasil apoiando organizações e pessoas contra a violência policial. São centenas de ações ao longo desses anos reafirmando nosso compromisso com as políticas, projetos e ações daqueles e daquelas que lutam por direito e dignidade.
Nos solidarizamos com os familiares e vítimas da operação e estamos juntos com nossos parceiros, movimentos e organizações pela garantia dos direitos dos moradores.
Observatório de Favelas, Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR), Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos (GENI/UFF), Justiça Global, Instituto Fogo Cruzado, Anistia Internacional, Redes da Maré, Papo Reto, Vozes da comunidade.