Capa da publicação "Da Transição energética à Transição ecológica"

Da Transição energética à Transição ecológica

A Contribuição da Justiça ambiental e um Convite ao Debate
Gratuito

O relatório conclui que os países e comunidades que menos contribuíram historicamente para o aumento das emissões de gases do efeito estufa são negativamente afetadas de forma desproporcional pelo aumento das temperaturas, tal como já vinham alertando há décadas os movimentos por justiça ambiental e climática.

O uso dos bens naturais por sociedades humanas sempre existiu. Porém, a partir da Revolução Industrial e do advento do modo de produção capitalista, a apropriação dos bens florestais, minerais, hídricos e sua utilização como matéria-prima para a indústria ganhou uma escala jamais vista. A capacidade de restauração das áreas de onde se extraem esses bens outrora comuns, agora entendidos como “recursos naturais” não acompanha o ritmo cada vez mais intenso de sua utilização pela indústria e pelo consumidor final. A partir do pós-II Guerra, uma certa noção de “desenvolvimento” se impôs à maioria dos países do planeta, então definidos como “subdesenvolvidos”, noção que apaga toda a diversidade e riqueza cultural de mais de uma centena de nações3 . O imperativo do “desenvolvimento” e a criação de um grande aparato político-financeiro institucional em torno dele (tais como bancos de desenvolvimento como o BID e a agência de desenvolvimento da ONU) projetou o modelo de produção e consumo dos países do norte global como ideal a ser seguido pelos países do sul global.

No Sul global o chamado “fim do mundo” não é algo por vir, mas um processo já em curso há muitas décadas e mesmo há séculos. Ele ganha intensificação, velocidade e aprofundamento com a emergência climática que marca a atualidade. Sobrepõe-se e interage com a destruição do meio e do modo de vida dos povos originários que habitavam ou habitam ecossistemas destruídos pelo processo de colonização histórico, também responsável pelos efeitos devastadores do tráfico de pessoas escravizadas da África para as Américas. Os efeitos da colonização não são coisa do passado, mas infelizmente, se perpetuam no presente pela lógica neocolonial em curso, que ainda orienta sua relação com a natureza. É urgente, portanto, construirmos alternativas sociais, políticas e econômicas capazes de reverter essa forma predatória de exploração dos recursos naturais e restabelecer uma relação com os seres viventes e os elementos baseada na ponderação, no equilíbrio e no respeito à integridade e perenidade dos processos vitais.

Detalhes da publicação
Data da publicação
2024
Editor/a
FASE - Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
Número de páginas
44
Licença
Idioma da publicação
Português
ISBN / DOI
978-65-87197-13-5
Índice
  • Introdução

    -A situação geral do planeta hoje: as ações humanas associadas às mudanças climáticas como responsáveis pela vulnerabilização de ecossistemas e comunidades.
  • Parte I

    -Por quais razões o modelo de transição energética atualmente defendido pelos países do Norte global não é ecologicamente eficiente nem socialmente justo?

    -Menos uso de petróleo tem paradoxalmente gerado mais investimentos em gás e carvão, a energia mais suja que existe

    -Países que haviam suspendido seus programas nucleares estão retomando-o devido à falsa concepção de que se trata de um modo de produção de energia que não emite dióxido de carbono

    -Os parques eólicos têm gerado danos ambientais significativos em terra e os parques eólicos no mar poderão gerar impactos negativos graves sobre ecossistemas marinho e costeiro, em função de sua escala e concentração

    -Hidrogênio: um portador de energia nova que precisa das antigas para existir

    -Energia solar, carro elétrico e a poluição oculta nas baterias: a transição de mãos dadas com a mineração

    -As fontes de energias consideradas renováveis e seus impasses

    -Para além das emissões de GEE: as hidrelétricas

    -Agrocombustíveis: energia versus alimentos
  • Parte II

    -Injustiça racial e social

    -Desigualdades Ambientais

    -Relações Norte-Sul (Ainda? Sim... Mais do que nunca)

    -Impasse
  • Parte III

    -Rumo a uma sociedade pós-extrativista: o futuro começa hoje

    -Quais são as propostas e ações em curso, hoje, para a construção de uma transição energética socialmente justa e ecologicamente saudável?

    -Eficiência energética

    -Sobriedade energética

    -Decrescimento

    -Democracia e construção de cenários futuros positivos