A Fundação Heinrich Böll lançou a publicação “A democracia aceita os termos e condições? Eleições 2022 e a política com os algoritmos”. Em dez artigos, assinados por acadêmicos, jornalistas e políticos dos campos dos direitos digitais e da ciência política, a publicação debate diversos aspectos do uso da lógica de algoritmos e das redes no processo de desinformação, fomento de discursos de ódio e possíveis desdobramentos e impactos disso. O material está disponível para download aqui.
“As eleições de 2022 estão sendo aguardadas com apreensão. Os quase quatro anos de mandato de Jair Bolsonaro e os muitos estudos sobre a algoritmização da vida não fazem com que este pleito seja disputado com grandes vantagens de um aprendizado sobre a nova forma de se fazer política que está posta. Os desafios permanecem e são muitos. Com a intenção de contribuir com o debate sobre como fortalecer a democracia, a Fundação Heinrich Böll convidou pesquisadores do campo dos direitos digitais e ciência política para refletirem sobre a conjuntura das eleições de 2022, utilizando a perspectiva de que as redes e os algoritmos têm um papel fundamental” , avalia Manoela Vianna, coordenadora da Fundação.
Entre os temas abordados estão a desinformação, a responsabilidade das plataformas digitais, a opacidade dos algoritmos, a moderação das redes, a violência contra as mulheres na política, a melhor performance do conteúdo conspiratório nos algoritmos das plataformas, e outros. A publicação pode ser acessada por meio da landing page oficial.
A obra “A democracia aceita os termos e condições? Eleições 2022 e a política com os algoritmos", surge como uma provocação sobre o mais atual modelo de se fazer política, via redes e com a ação dos algoritmos em todo o processo. “Geralmente não sabemos com o que estamos concordando quando dizemos ‘sim' na internet. E é justamente essa opacidade que não dialoga com um valor fundamental para o exercício democrático: a transparência”, observa Manoela Vianna.
O time de autores conta com a ex-deputada federal Manuela D’Ávila e a Revista AzMina que jogam luz a representatividade das mulheres na política demonstrando como a violência de gênero é um impulsionador para a ainda pouca presença feminina nesses espaços de decisão; o professor da Universidade Federal do ABC, o sociólogo Dr. Sergio Amadeu, com um artigo sobre como a operação dos algoritmos que regem as plataformas é invisível para quem as utiliza; o editor-chefe da Agência Lupa, Gilberto Scofield, discute o fenômeno da desinformação e responde à pergunta: por que as pessoas acreditam naquilo que querem acreditar mesmo sendo mentira?; a diretora e editora na Agência Pública, Andrea Dip, discorre sobre como políticos de extrema direita, evangélicos e ultraconservadores remoldaram a luta do “bem contra o mal" e no combate à "ideologia de gênero”; o diretor do InternetLab, Francisco Brito Cruz, analisa a complexa moderação das plataformas; a cientista política, Camila Rocha, discorre acerca do papel de influenciadores digitais na ascensão da extrema-direita nas redes sociais; o professor do Insper e especialista em cibersegurança, Rodolfo Avelino, explica porque não são válidos os questionamentos sobre a segurança das urnas eletrônicas; e as pesquisadoras da UFRJ, Débora Pio e Isabele Aguiar trazem um olhar sobre os saberes locais como meios de driblar a crise. A publicação também conta com um glossário elaborado por Joyce Souza, jornalista e cientista social da UFABC e coordenadora do podcast Tecnopolítica, e um mapeamento de canais e perfis políticos realizado pelo Democracia em Xeque.