Nota pública da Fundação Heinrich Böll

É inaceitável que uma política de segurança pública seja regida por ações policiais violentas, com dezenas de mortos, como o que aconteceu ontem (24/05) na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha/RJ. Em um regime democrático o Estado não pode ter total desrespeito pela vida humana. A chacina teve um saldo de 25 mortos e pelo menos uma moradora foi morta por uma bala perdida, resultado do confronto. 

Mulher levanta cartaz com os dizeres "Queremos viver! SOS Complexo, Paz no Alemão", em protesto por paz no Complexo do Alemão em 2015.

A Fundação Heinrich Böll espera que haja uma investigação ampla, com a participação de órgãos de controle, do Judiciário e sociedade civil.

Segundo pesquisadores do GENI/UFF, parceiros da Fundação, entre 2007 e 2021, ocorreram 593 chacinas policiais na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em que foram mortos 2374 civis e 19 policiais. Apenas este ano, já ocorreram 16 chacinas policiais com 71 mortos. As operações policias violentas, com grande número de mortos, não podem ser a regra para uma ação em qualquer território da cidade.

Quantas crianças não foram para a escola? Quantos postos de saúde deixaram de atender pacientes? Quantos ônibus não circularam? Quantas pessoas em pânico se esconderam dentro de suas casas temendo pelo pior? 

A Fundação atua desde 2000 no Brasil apoiando organizações e pessoas contra a violência policial. São centenas de ações ao longo desses anos reafirmando nosso compromisso com as políticas, projetos e ações daqueles e daquelas que lutam por direito e dignidade.

Nos solidarizamos com os familiares e vítimas da operação e estamos juntos com nossos parceiros, movimentos e organizações pela garantia dos direitos dos moradores.    

Observatório de Favelas, Iniciativa Direito à Memória e Justiça Racial (IDMJR), Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos (GENI/UFF), Justiça Global, Instituto Fogo Cruzado, Anistia Internacional, Redes da Maré, Papo Reto, Vozes da comunidade.