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Quando a “revolução digital” atravessa a porteira:

transformações da agricultura e o sistema agroalimentar em tempos de plataformização

Em meio a tantas promessas, que parecem nos remeter a uma visão prometeica das tecnologias como “solução para todos os males” (MARTINS, 1997), avaliamos ser importante examinar, de forma criteriosa, os condicionantes históricos dessa nova onda de inovações que tem, nas tecnologias digitais, um de seus mais importantes vetores. Trata-se, aqui, de desvelar os arranjos sociais, econômicos e materiais subjacentes a essas novas formas de organização do sistema agroalimentar, buscando compreender suas lógicas de funcionamento e seus elementos de continuidade e descontinuidade com o paradigma técnico-econômico que passou a dominar a produção e consumo de alimentos, em âmbito global, sobretudo a partir da década de 1960.

Sem partir de uma perspectiva entusiasmada, determinista ou ingênua das tecnologias e evitando, também, ceder a uma posição catastrófica, que teme de antemão qualquer tipo de inovação, pretendemos com este texto contribuir para uma melhor compreensão dos processos de digitalização da agricultura e do sistema agroalimentar no Brasil, seus impasses e desafios. Nossa mirada sobre esse processo parte de um recorte específico, a saber, as plataformas de agricultura digital12 voltadas à gestão e monitoramento dos sistemas de produção agrícola em operação no Brasil. Estas plataformas correspondem a uma linhagem específica de ferramentas de agricultura digital que se utiliza de tecnologias digitais e geoespaciais visando otimizar o gerenciamento da produção agrícola, do plantio à colheita. Vale lembrar que estes dispositivos têm se constituído como uma das principais estratégias do setor corporativo para promover a digitalização da agricultura no país. 

Neste trabalho, procuramos compreender os significados e efeitos destas plataformas no que diz respeito aos modos de organização, modelos de negócio e campos de relações que conformam a atividade agrícola e como elas contribuem (ou não) para legitimar uma determinada visão acerca do “futuro da agricultura”. Com esse objetivo, selecionamos como casos de estudo três plataformas vinculadas a grandes corporações do setor agropecuário: Climate FieldView – Bayer; Ecossistema Conectado John Deere Operations Center – John Deere e Atfarm -Yara. Estas soluções tecnológicas têm como ponto em comum o fato de operarem em âmbito global, estando vinculadas a grandes corporações com longa trajetória setor agropecuário.

Detalhes da publicação
Data da publicação
Dezembro de 2025
Editor/a
Fundação Heinrich Boll, Observatório de Políticas Públicas para a Agricultura (OPPA), Grupo de Estudos sobre Mudanças Sociais, Agronegócio e Políticas Públicas (GEMAP/UFRRJ) e Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (
Número de páginas
45
Licença
All rights reserved
Idioma da publicação
Português
ISBN / DOI
978-65-87665-27-6