O evento ‘AI Summit: Bridging Boundaries’ aconteceu em São Luís do Maranhão no dia 10 de junho.
A capital maranhense foi palco para as discussões entre especialistas no mundo digital. Além dos temas centrais que envolvem inteligência artificial e as famosas fake news, a regulamentação das redes sociais e a governança de dados estão ganhando ainda mais força no grupo de trabalho ‘Transformação Digital Inclusiva’ do T20 (grupo dos Think Tanks no G20) este ano. O evento ‘AI Summit: Bridging Boundaries’ foi promovido paralelamente à reunião do G20 sobre Economia Digital, que aconteceu dias depois, também em São Luís.
Assista no youtube: https://www.youtube.com/live/UoV_gw94j54
A programação do AI Summit foi dividida em quatro painéis. No primeiro, "Governança Global da Inteligência Artificial: do local ao global", abordou a necessidade de criar políticas de âmbito internacional que possam fazer sentido para populações a nível local, especialmente para pessoas que vivem em zonas periféricas. Para isso, é necessário desenvolver uma escuta atenta às diferenças culturais e compreender as realidades locais de cada país.
“Existem hoje, no Brasil, segundo o IBGE, 40 milhões de pessoas que não têm acesso a nenhuma tecnologia digital. Seja porque não estão alfabetizadas o suficiente para entender o mundo digital, seja porque são pobres e não têm acesso, ou idosos. Eu gostaria de saber o que vai acontecer com essas 40 milhões de pessoas? Como vamos incluir essas pessoas?”, afirmou a professora Rosângela Hilário, da Universidade Federal de Rondônia e painelista do evento.
Ou seja, gerar interesse e mais atenção às especificidades de cada comunidade, pois por mais que os produtos da internet sejam criados uniformemente para o planeta como um todo, eles chegam ao consumidor final de forma diferente e as consequências e respostas a eles são alarmantemente distintas. Inclusive, de acordo com os organizadores, a escolha da cidade de São Luís se deu com o propósito de levar essas discussões a cidades brasileiras que não estão sempre no mapa dos eventos que discutem esse assunto.
O segundo painel, "IA para Reduzir Desigualdades e Assimetrias", destacou como a inteligência artificial pode ser utilizada para diminuir as disparidades sociais e econômicas. Para Bruno Bioni, fundador da Data Privacy Brasil, é preciso expandir os horizontes para criar políticas públicas que alcancem o maior número de pessoas possível.
Bruno também pontuou as dificuldades relacionadas à análise de grandes volumes de dados. Mas frisou também que somente com o aprofundamento nessas análises é possível construir uma inteligência artificial mais inclusiva. “A gente não pode discutir inteligência artificial sem um debate constitutivo dessa tecnologia, que é o debate sobre governança de dados. Porque
essas tecnologias não se dão no vácuo, elas estão necessariamente alimentadas por dados", afirma o diretor da Data.
“Esse é um evento para construção de pontes, principalmente entre os grupos de engajamento do G20 Social” , diz Bruno Bioni em entrevista à Böll Brasil.
O evento reuniu facilitadores e participantes de diversos grupos de trabalho do G20, dentre eles o T20 (Think Tanks / institutos de pesquisa), o C20 (Civil Society / sociedade civil), o B20 (Business / indústria), o L20 (Labor / trabalho) e o W20 (Women / mulheres).
“Como o tema da inteligência artificial é muito transversal, ele está sendo tratado nesses diferentes grupos de engajamento e também em diferentes grupos da trilha governamental, mas sem ainda um esforço de coordenação. O primeiro propósito do evento foi esse: ter convergência sobre pontos em comum tratados nesses diferentes grupos de engajamento.”
Bruno Bioni, Data Privacy Brasil
O quarto e último painel, "Impacto Transformador na Web e no Ecossistema Digital", explorou como a IA está revolucionando a internet e traçou possíveis cenários futuros para os ambientes digitais. Para os especialistas, as redes sociais viraram um canalizador de conteúdos, em vez de espaços para socializar. Com a IA, é possível que as empresas de tecnologia invistam ainda mais no modelo de negócio no qual as pessoas são os produtos e seus dados são a moeda de troca.
O evento foi uma iniciativa conjunta da Data Privacy Brasil, CEWEB, CEBRI e Fundação Heinrich Böll. A gravação do evento pode ser vista aqui: https://www.youtube.com/live/UoV_gw94j54.