Cenários, desafios e oportunidades para a produção de hidrogênio verde no Brasil: uma análise a partir do estado do Ceará
Em 2018, o grupo de cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) produziu o Relatório Especial sobre os impactos do aquecimento global de 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, conforme meta aprovada no Acordo de
Paris em 2015. A conclusão do documento é que para um cenário compatível com aumento da temperatura limitado em 1,5ºC, o mundo tem que reduzir as emissões pela metade até 2030 e ser neutro de carbono por volta do meio deste século. Para interromper o estado de emergência climática global, que impacta os circuitos planetários de humanidade e natureza, se faz necessário um corte sem precedentes nas emissões de CO2 provenientes da queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão), a redução significativa dos demais GEE em todos os setores econômicos e investimento substancial em transição energética, com a substituição das fontes fósseis por energias renováveis.
Nesse cenário, surge como uma das principais e promissoras soluções para a transição energética o hidrogênio verde. Esse elemento químico, um dos mais abundantes do planeta, tem a propriedade de gerar energia, em quantidade maior
do que a gasolina, por exemplo. Embora existam há anos tecnologias que permitem usar o hidrogênio como combustível, há várias razões pelas quais até agora ele só foi usado em ocasiões especiais. Uma delas é que é considerado perigoso por ser altamente inflamável; transportá-lo e armazená-lo com segurança é um grande desafio, além das dificuldades para produzi-lo.
O hidrogênio pode ser produzido de diferentes formas, principalmente por meio de hidrocarbonetos como petróleo, gás natural e carvão, que são os principais vilões das emissões de gases de efeito estufa. Contudo, nos últimos anos, o hidrogênio tem sido extraído através da quebra das moléculas de água (hidrólise), utilizando-se para isso energia elétrica a partir de fontes renováveis como solar e eólica - por isso o termo “verde” ou “sustentável”.
Há muito otimismo em torno do hidrogênio verde, países como Austrália, Holanda, Alemanha, China, Arábia Saudita e Chile tem megaprojetos instalados em seus territórios. A União Europeia e várias empresas da indústria do petróleo ao redor do mundo têm anunciado o início ou interesse em projetos de hidrogênio verde. Estima-se que a demanda de hidrogênio (H2) superará a cifra de 90 milhões de toneladas produzida em 2020 para valores superiores a 200 milhões de toneladas em 2030 (AIE - Agência Internacional de Energia).
Detalhes da publicação
Índice
1. Introdução .......... 3
2. Cenário Internacional e nacional .......... 4
3. Quais são as empresas interessadas em produzir H2V no Brasil .......... 6
4. O contexto nacional regulatório da produção de hidrogênio
e a resolução do Conselho Estadual de Meio Ambiente do Ceará .......... 10
5. Desafios e oportunidades do H2V para uma transição energética justa .......... 14
6. Considerações .......... 16
7. Referências .......... 17