Em Nova Iorque, a Fundação Heinrich Böll lançou nesta quinta-feira (8/6), Dia Mundial dos Oceanos, o Atlas do Mar. Resultado de ampla investigação, a publicação aborda os problemas sociais e ambientais oriundos de uma relação pouco respeitosa dos países com o mar, e as consequências sociais e políticas do agravamento desse quadro. O Atlas foi lançado durante a Conferência de Alto Nível das Nações Unidas sobre os Oceanos, que visa apoiar a implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14, relativo à proteção e conservação destes ecossistemas.
Produzido com a contribuição de 22 pesquisadores, o Atlas está disponível na internet nas versões em alemão e inglês. Os oceanos ocupam nada menos do que dois terços da superfície terrestre, e nos fornecem comida, minerais e energia. No entanto, a falta de limites em sua exploração nos levou a uma situação dramática de poluição, perda de biodiversidade e excesso de exploração pesqueira.
O Atlas nos mostra dados terríveis. Segundo os pesquisadores, 2,9 bilhões de pessoas no mundo obtém 20% de sua nutrição de proteínas proveniente dos peixes. A complexidade desse quadro é percebida quando se sabe que a pesca ilegal é responsável por cerca de um terço da produção mundial de peixes. Os dados revelam ainda que metade da produção pesqueira é realizada com aquicultura – produção de peixes em tanques – cuja prática aponta várias preocupações socioambientais e relacionadas à saúde. Quando aborda o problema crescente do descarte de plástico, que faz dos oceanos vítimas preferenciais, a publicação demonstra que apenas 0,5% dos resíduos de plástico no mundo acabam na lixeira, e 80% vai para os oceanos.
O trabalho aborda o debate sobre múltiplos pontos de vista: a exploração industrial da prática pesqueira; a poluição de rios por fertilizantes e estrume, gerando imensas zonas mortas; a queda da biodiversidade marinha; a variação no potencial de regulação climática dos oceanos; a ameaça de ilhas e cidades litorâneas pelo aumento no nível dos mares; a acidificação da água; a exploração mineral de águas profundas por grandes mineradoras e petroleiras; a ampliação da poluição pelo plástico; o uso mundial dos oceanos como destino de lixo; a crise na indústria dos navios cargueiros; entre outros. O objetivo é formular um quadro completo das consequências da relação mal planejada do homem com os oceanos.
A Fundação Heinrich Böll defende a criação de uma convenção internacional de proteção dos oceanos e o Atlas busca também colaborar com esse debate, levantando a questão da necessidade de estabelecimento de uma governança global dos oceanos.
No Brasil, a versão em português do Atlas será lançada em março de 2018, e terá artigos que retratam o debate do tema a partir da realidade brasileira.
Leia a versão em inglês:
http://us.boell.org/2017/06/07/ocean-atlas
Leia a versão em alemão:
https://www.boell.de/de/2017/04/25/meeresatlas-daten-und-fakten-ueber-u…
Leia entrevista da coordenadora de Justiça Socioambiental da Fundação Heinrich Böll Brasil, Maureen Santos, para a Época (Blog do Planeta) sobre o lançamento do Atlas do Mar, publicação que reúne as consequências socioambientais da ação humana para os oceanos:
http://epoca.globo.com/ciencia-e-meio-ambiente/blog-do-planeta/noticia/…