Em um encontro que reuniu cerca de 50 lideranças comunitárias e representantes de organizações da sociedade civil foi lançado o Atlas dos Agrotóxicos, publicação da Fundação Heinrich Böll. O evento realizado no dia 12 de junho na sede do Sindicato dos Bancários, no Centro Histórico de São Luís, destacou a urgência da discussão sobre o uso de agrotóxicos e seus impactos na vida das pessoas e em todo ecossistema.
Durante o seminário, o tema foi abordado sob perspectivas técnico-científicas e a partir das vivências dos indivíduos e coletividades que enfrentam os agrotóxicos no campo e na pele. No país campeão no consumo de agrotóxicos e no estado que está no topo dos conflitos agrários, vive-se uma verdadeira guerra química, onde os agrotóxicos vêm sendo despejados de forma indiscriminada pelo agronegócio. Este uso descontrolado está adoecendo e ameaçando violentamente as comunidades com o intuito de expulsá-las de seus territórios.
Marcelo Montenegro, membro da Fundação Heinrich Böll, destacou que o Atlas dos Agrotóxicos "é pra nós um material que serve de instrumento de formação e de advocacy. Ele busca fazer um grande raio X desse tema sobre os agrotóxicos, sob diferentes perspectivas." O documento reúne fatos e dados sobre o uso dos diversos tipos de veneno na agroindústria brasileira. Muitos desses agrotóxicossão proibidos ou permitidos em dosagens mínimas em países do Norte global, enquanto aqui no Brasil a legislação abriu as portas para o uso indiscriminado, e inclusive, isenta esse mercado de impostos, facilitando ainda mais o fortalecimento da cadeia do envenenamento no país.
De acordo com o Atlas, apenas 32% do veneno fica na planta. O restante vai para a terra, água e ar, e do ponto de vista do planeta, não existe "jogar fora". Tudo que vai para a terra, água e ar, volta para a população das mais variadas formas, seja na água que se consome, ou naquela que cai do céu, sem falar o alimento cada vez mais envenenado. Agrotóxicos como o Glifosato, proibido na Europa e permitido no Brasil, já foram encontrados até mesmo no leite materno. Aline Gurgel, pesquisadora da Fiocruz, destaca que "alguns desses agrotóxicos estão associados a desfechos como o câncer, outros são desreguladores hormonais. Outros podem provocar problemas para o sistema reprodutivo masculino ou feminino."
Enquanto isso, o lobby dos agrotóxicos e do agronegócio segue ganhando força no meio político e nas mídias de comunicação em massa, tentando convencer a população de que essa grande indústria existe para alimentar o mundo, quando na verdade, seu único objetivo é produzir commodities e lucrar. As consequências para as comunidades do campo sãoperdas de produção dos pequenos(as) agricultores(as), adoecimento e morte, enquanto ao mesmo tempo há o envenenamento dos povos das cidades.
Esse sistema não se sustenta e a Terra tem dado cada vez mais sinais disso através dos casos de emergência climática, como secas e enchentes
Fábio Pacheco, membro da Tijupá e da Rede de Agroecologia do Maranhão (RAMA), e um dos organizadores do seminário, destacou ao final do evento a importância da iniciativa: "A ideia é ajudar na formação para as pessoas que estão fazendo a divulgação tanto da Campanha como para a coleta de assinaturas que nós estamos desenvolvendo para dar entrada na lei de iniciativa popular contra a pulverização aérea [de agrotóxicos]".
Queremos Territórios Livres de Veneno!
Conheça a Campanha "Chega de Agrotóxicos" e baixe aqui o Atlas dos Agrotóxicos.
Caso você tenha interesse na versão impressa do Atlas dos Agrotóxicos, solicite pelo e-mail info@br.boell.org