Editorial - O que conecta a Fundação Heinrich Böll ao G20?

G20

Nossa presença em quase todos os países participantes, com escritórios e apoio a diversas organizações da sociedade civil, nos coloca em uma posição privilegiada para acompanhar e monitorar os debates e negociações dentro deste espaço internacional, observando como os temas da democracia, direitos humanos, justiça socioambiental e transição energética justa estão sendo abordados.

Desde 2008, com a crise financeira e a constatação de um mundo multipolar, os países do Norte Global perderam credibilidade, necessitando de acordos com nações em desenvolvimento para enfrentar crises. Assim, o G20 se tornou um fórum essencial para discutir os maiores desafios econômicos globais. Hoje, soluções para problemas econômicos e financeiros exigem a redução de desigualdades e o enfrentamento da crise climática.

Agora, em 2024, com o G20 no Brasil, temas como representação global, reformas institucionais, mitigação da crise climática, alívio da dívida do Sul Global e direitos no mundo digital estarão em destaque. Isso tudo em um ano recheado de eleições importantes por todo o mundo. 

O escritório da Fundação Heinrich Böll no Brasil está acompanhando, especialmente, os grupos de engajamento da Sociedade Civil, o C20 (Civil Society 20) e o das organizações que discutem os direitos nos meios digitais no T20 (Think Tanks 20). 

Alguns dos nossos parceiros estão desempenhando papéis importantes em diversos grupos de trabalho, co-criando recomendações que agora estão na fase de advocacy, na qual apresentam suas ideias aos governos para influenciar as negociações do G20 oficial. 

As recomendações dos grupos de engajamento são apenas o começo. A fase de incidência, iniciada neste segundo semestre, é crucial para influenciar as negociações governamentais.

Nosso propósito condutor é apoiar nossos parceiros da sociedade civil brasileira para transformar essas demandas em ações concretas, fazendo do G20 um fórum mais inclusivo. O desafio é transformar palavras em ações e fazer do G20 um espaço participativo. 

Neste tabuleiro internacional, pressionar os Estados, para que as vozes da sociedade civil sejam realmente ouvidas, é fundamental. Além disso, é crucial que questões de justiça social e ambiental estejam no centro das discussões da cúpula.

Será que, pela primeira vez na história do G20, as vozes das organizações não-governamentais terão eco em um cenário global tão complexo? Em nossa visão, somente com participação engajada e persistente podemos garantir que as políticas reflitam as necessidades das populações vulneráveis.

O encontro dos chefes de Governo e Estado dos 19 países, União Europeia e União Africana acontece em novembro de 2024 no Rio de Janeiro. Até lá, convidamos você a acompanhar os debates oficiais e eventos paralelos que acontecem em 13 cidades brasileiras.

Regine Schönenberg, diretora da Fundação Heinrich Böll no Brasil, e equipe.