Neste dia do meio ambiente lançamos um dossiê sobre hidrogênio verde. Com a necessidade cada vez mais urgente de ações transformativas que reduzam o uso de combustíveis fósseis, inúmeras propostas estão colocadas à mesa, dentre elas, destaca-se a produção de hidrogênio verde.
Produzido a partir de fontes renováveis, como energia eólica e solar, o hidrogênio verde pode contribuir para descarbonizar setores como a siderurgia, além de poder servir como combustíveis para transporte. Uma mudança na matriz energética dos países é fundamental para que se atinjam as metas de redução nas emissões de gases de efeito estufa firmadas pelos países e colocadas no Acordo de Paris.
Mas toda proposta deve ser analisada com maior profundidade. No caso do hidrogênio verde, precisamos observar os impactos socioambientais de tal mudança. É necessário entender os pontos positivos e identificar os possíveis negativos, com o intuito de mitigá-los, ou até apontar que a solução, por mais interessante que possa aparentar, é mais do mesmo.
Neste dossiê buscamos explicar o que é o hidrogênio e como cresceu o interesse no tema nos últimos anos, em especial nos países onde geograficamente se tem uma condição muito favorável para o uso de fontes renováveis, como é o caso do Brasil.
O Brasil tem se mobilizado bastante no tema. Em termos de parcerias, o país – e em especial o nordeste brasileiro vem promovendo inúmeros projetos com empresas. Mas quais são os critérios e princípios guiam esses projetos? Seriam eles de fato um caminho para descarbonizar setores no Brasil, ou formas de obter mais lucro, com o foco sendo principalmente o comércio internacional? Ademais, a produção de hidrogênio verde pode levar a impactos socioambientais importantes, se não for debatida e analisada de forma correta, já que é necessário uma grande quantidade de água e de território para sua produção.
O congresso tem olhado para o tema. Em ambas as casas foram instauradas comissões especiais para debater a temática, com vistas a ter uma política nacional de hidrogênio verde. E por tudo isso, é essencial que a sociedade civil possa ter conhecimento para dialogar e buscar uma política que mitigue os impactos socioambientais e não produza ainda mais tensão sobre a terra e a água.
O dossiê apresenta elementos para apoiar este debate. No relatório “Hidrogênio Verde: Critérios-chave de sucesso para o comércio e produção sustentáveis”, buscamos trazer elementos contextuais em nível global sobre como está a questão do hidrogênio verde em várias regiões. Com base em consultas nacionais em sete países africanos e latino-americanos, o relatório examina os benefícios e riscos para a produção de hidrogênio verde no Sul Global. No documento “Cenários, desafios e oportunidades para a
produção de hidrogênio verde no Brasil: uma análise a partir do estado do Ceará”, os autores Júlio César Holanda Araujo e Soraya Vanini Tupinambá apontam o cenário brasileiro, observando a partir do estado do Ceará, que tem se mobilizado tanto em parcerias e projetos, quanto em resolução e medidas que visem uma estratégia estadual de produção do hidrogênio verde. Oferecemos também um episódio do podcast Meio Descomplicado, produzido pelo Brics Policy Center, em a temática é discutida de forma bem simples. No webdossiê você também encontra os primeiros conteúdos produzidos pela Fundação e parceiros sobre o tema ainda em 2021.
Esperamos com esses materiais contribuir para o debate público sobre o hidrogênio verde. Em especial, acreditamos que este conjunto de documentos possam servir de apoio para que organizações da sociedade civil possam estar atentos sobre o desenvolvimento do hidrogênio verde, e possam estar atuantes no debate nacional e internacional, que será importante para que não repitamos o passado, onde propostas de transformação socioecológica se tornaram mais do mesmo, pinturas de verde, o chamado “greenwashing” em velhos modelos de exploração de recursos.
Boa leitura!