Glossário: entenda os termos citados na publicação

Confira e entenda melhor sobre os termos citados na publicação “A democracia aceita os termos e condições? Eleições 2022 e a política com os algoritmos”, disponível para download gratuitamente aqui.

Glossário

Algoritmo

Algoritmo é um termo matemático cuja origem se encontra, de acordo com historiadores, na obra de Abu Já’far Muhammad Ibn Musa Al-Khwarizmi (Bagdá, 780-850). Outra possibilidade seria a influência da própria palavra número em grego: arithmós. O conceito consiste em uma sequência padronizada de ações precisas, cujo objetivo é solucionar um problema determinado. Portanto, o algoritmo representa uma sequência finita de operações específicas criadas para cumprir uma tarefa determinada. É comum dizermos que um algoritmo funciona como uma receita de bolo: com a receita outra pessoa pode fazer o bolo, existe uma ordem para executar as ações e algumas ações devem esperar outras terminarem.

Aprendizado profundo

Aprendizado profundo (ou deep learning, em inglês) é uma função da Inteligência Artificial (IA), que condiz com um tipo de aprendizagem de máquina, conhecida como machine learning. A partir de processamentos algorítmicos de dados não estruturados e não rotulados, correspondentes a diferentes níveis de representação e abstração, o aprendizado de máquina, por meio de redes neurais, busca compreender e criar padrões para tomada de decisões automatizadas, ou seja, sem supervisão humana. Há diversas aplicações no cotidiano que usam deep learning, como recomendações personalizadas do Netflix ou Spotify, que sugerem conteúdos que podem ser do interesse do usuário.

Big Techs

O termo Big Techs surge por volta de 2013 para dar conta de explicitar o alcance do domínio monopólico das multinacionais da tecnologia da informação, sediadas nos Estados Unidos. Esse grupo de gigantes da tecnologia da informação é formado pelas seguintes companhias: Meta (antigo Facebook), Microsoft, Alphabet (Google), Apple e Amazon.

Dataficação

O conceito de dataficação busca explicar um fenômeno característico das novas tecnologias, em que uma série de aspectos da vida individual e privada são capturados massivamente, transformados em um conjunto de dados, que são organizados em informações e que, por sua vez, acabam se expressando em preços e, portanto, sendo negociados.

Discurso de ódio

O discurso de ódio, ainda que não tenha uma definição precisa, pode ser entendido como uma violência verbal e que manifesta intolerância, desprezo, preconceito e incitação ao ódio direcionada a determinados grupos sociais: classe social, denominação religiosa, raça, gênero, orientação sexual, peso, deficiência, imigrantes, entre outros.

Disparos em massa

O disparo de mensagem em massa se caracteriza pelo envio de um conteúdo específico para uma lista de celulares fornecidas por empresas ou funcionários de telefônicas. Agências de marketing organizam tais listas a partir de segmentação por gênero, religião, idade, renda, entre outros. Em seguida, os conteúdos são segmentados e transmitidos de acordo com o público-alvo.

Desinformação

A desinformação consiste na ação de informar falsamente com o intuito de induzir ao erro e impactar a opinião pública. Para tal, são utilizados métodos e técnicas de comunicação que podem omitir uma parte da informação, mudar seu sentido ou mesmo diminuir sua importância. Os expedientes retóricos para atingir esse objetivo são inúmeros: descontextualização, omissão, generalização, adjetivação, mentiras (ainda que não necessariamente), desorganização da estrutura informativa, entre outros.

Inteligência artificial

É a capacidade das máquinas em operar tarefas tidas como complexas que normalmente são realizadas por seres humanos. O nome foi cunhado pelo matemático inglês Alan Turing, em 1956. Ainda que amplo, alguns elementos básicos fundamentam este conceito: capacidade de aprendizagem, de reconhecer padrões (de comportamento, visuais ou sensoriais), de raciocínio, bem como de aplicar o raciocínio a atividades e situações cotidianas.

Marketing de influência

É a prática de ações focadas em pessoas que tenham influência e/ou liderança na sociedade ou sobre algum segmento econômico, político, cultural ou social.

Especificamente, esta modalidade de marketing atua nas plataformas digitais, de sorte que o indivíduo com que se trabalha se torna um influenciador digital (digital influencer).

Milícias digitais

Fenômeno mundial recente, o termo diz respeito a grupos cuja atuação ocorre nas redes sociais e em aplicativos de mensagens com a finalidade de impactar a vida política (não apenas eleitoral) da sociedade, através da intimidação e da desinformação pela distribuição de notícias falsas e difamação de adversários.

Normalmente, esses grupos recorrem a robôs para ampliar o alcance e disseminar o conteúdo escolhido com mais velocidade. Recentemente, a Polícia Federal enviou para o Supremo Tribunal um relatório, ainda não conclusivo, no qual afirma que um grupo, chamado em diversas matérias da imprensa de Gabinete do ódio, se uniu de forma ordenada para obter vantagens financeiras e políticas. Um exemplo seria a divulgação de tratamentos precoces sem eficácia contra a covid-19 e de informações falsas contra as vacinas. Este grupo seria um tipo de milícia digital com pessoas, inclusive, ligadas ao presidente, como assessores.

Moderação de conteúdo

As plataformas digitais e redes sociais estabelecem um conjunto de regras privadas ou termos de serviço para regular o que pode e o que não pode ser feito nesses espaços digitais. Nesse sentido, a moderação de conteúdo é uma mediação entre o usuário e essas regras e termos, de modo a administrar as possibilidades de interação, aquilo que viola e o que está de acordo com tais regras. Há diversos exemplos de moderação de conteúdos e a sua aplicabilidade gera polêmica, pois nem sempre os sistemas algoritmos, responsáveis pela primeira camada de moderação, detectam o real contexto da mensagem e, por vezes, geram bloqueios e exclusões de conteúdos e contas de forma arbitrária. Porém, um exemplo recente bastante adotado pelas plataformas digitais foi a moderação de conteúdos atrelados à pandemia de Covid-19. A moderação visava auxiliar no combate a fake news sobre medicações não comprovadas e ineficácia da vacina.

Modulação das atenções / modulação algorítmica

O conceito de modulação algorítmica é uma derivação do conceito de modulação desenvolvido e utilizado pelo filósofo Gilles Deleuze ao descrever as sociedades de controle. A modulação para Deleuze é uma forma de controle plástico, como se fosse um molde auto deformante que muda continuamente. Nesse sentido, a modulação algorítmica seria um processo de controle da visualização, do compartilhamento e da interação ocorrida em ambientes digitais, previamente moldados para atingir determinados fins, sem que necessariamente o indivíduo perceba. A partir da coleta massiva de dados e de processos de classificação e construção de perfis, os algoritmos passam a direcionar as atividades dos indivíduos em ambientes digitais, com um grau de controle que nenhum outro veículo seria capaz.

Pegasus

Pegasus é um programa espião criado por uma empresa de armas cibernéticas israelense, a NOS Group. Este programa é instalado de maneira secreta em celulares e outros dispositivos, com o objetivo de monitorar teclas de comunicação desses dispositivos, localizar onde estes se encontram, seguir ligações telefônicas e sequestrar o microfone e a câmera. Desse modo, o programa espião Pegasus é um exemplo de dispositivo de vigilância individual e social.

Tecnopolítica

O termo pode ser entendido como a forma como as tecnologias impactam e transformam os processos políticos e sociais. Consiste em ações e comunicação políticas através de ferramentas tecnológicas com incidência social. Nesse sentido, as novas tecnologias abrem novos horizontes de atuação e participação política, cuja resultante pode ser mais inclusiva e democrática, ao mesmo tempo que pode servir a interesses privados monopólicos e grupos políticos poderosos.

Tratamento de dados

Consiste em operações que abarcam a extração, coleta, recebimento, armazenamento e reprodução de dados de um indivíduo. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em vigor desde setembro de 2020, versa sobre o tratamento desses dados, com o intuito de assegurar sua privacidade: a finalidade desses dados; o acesso, qualidade e transparência; sua segurança, prevenção e não discriminação; e a prestação de contas e responsabilização.