Hidrogênio verde: oportunidade para geração de energia limpa?

O hidrogênio verde é o caminho para uma produção de energia menos prejudicial ao meio ambiente e suas populações ou trata-se de mais uma “falsa solução”? Para responder essa e outras questões, a Fundação Heinrich Böll no Brasil promoverá o Webinar "Desafios e oportunidades para o Brasil com o H2 Verde", com foco nos riscos e possibilidades do uso do hidrogênio verde para o Brasil, no dia 24 de maio, quinta-feira, às 10h (inscreva-se aqui).

Webinar "Desafios e oportunidades para o Brasil com o H2 Verde

Com moderação da jornalista Giovana Girardi, o debate contará com a participação do diretor de políticas internacionais da fundação, Joerg Haas, do Coordenador de Programas e Projetos de Justiça Socioambiental da Fundação Heinrich Böll no Brasil, Marcelo Montenegro, do diretor-executivo do Instituto E+ Transição Energética, Emílio Matsumura, entre outros nomes. O evento marcará o lançamento da publicação “Oportunidades para o Brasil com o Hidrogênio Verde”, e busca estimular o debate econômico, ambiental e social na discussão sobre esse combustível.

O hidrogênio verde ganhou novos holofotes a partir da Cúpula do Clima, evento organizado em abril pelo governo americano para debater ações governamentais no combate ao aquecimento global. O combustível surge como um potencial elo de uma transição energética para uma matriz mais sustentável.  Além dos EUA, o plano europeu de recuperação pós-pandemia estabeleceu o desenvolvimento de tecnologia para o uso de hidrogênio para geração de energia como uma de suas prioridades no esforço de neutralização das emissões da União Europeia até 2050. Mas quais são os caminhos e perigos para esse combustível no Brasil? Quais cuidados são necessários para que o país não se engaje em um processo que possa gerar mais desigualdades e conflitos de acesso a recursos naturais?

Considerado o combustível do futuro para alguns, o hidrogênio verde é um termo utilizado para se referir ao hidrogênio obtido por eletrólise da água a partir de fontes renováveis, em um processo no qual não haja a emissão de carbono. Diferente dos combustíveis fósseis, o aproveitamento energético do hidrogênio raramente se dá por sua combustão, mas sim por meio de uma transformação eletroquímica. O hidrogênio produzido com eletricidade renovável pode competir em custos com os combustíveis fósseis até 2030.

Porém, quais as possibilidades e riscos associados à expansão do hidrogênio verde como uma alternativa de descarbonização? Critérios devem ser estabelecidos para avaliação da sustentabilidade do hidrogênio, a exemplo do uso tradicional da terra e do direito à água, participação da sociedade civil e das comunidades locais, além de se evitar o alto consumo da água e a produção do hidrogênio verde em áreas de alta biodiversidade. O processo de transição energética deve passar por uma descarbonização do setor que não impacte o meio ambiente e nem provoque um acirramento dos conflitos e das desigualdades sociais.

No Brasil, são destacadas três oportunidades relacionadas a aplicações do hidrogênio verde, levando em conta os diferenciais competitivos do país: uso na redução direta do minério de ferro para produção de aço de baixo carbono, produto para o qual se estima uma demanda mundial crescente; produção de substitutos sintéticos para petroquímicos e combustíveis, especialmente para a aviação e transporte marítimo – setores de difícil eletrificação; e produção de amônia, que pode assumir um papel importante no transporte e na difusão do hidrogênio em seus usos como energético.

“Embora os custos desse processo ainda sejam altos, a perspectiva de maiores quedas dos custos da geração elétrica renovável nos próximos anos levará à maior competitividade do hidrogênio verde no futuro.”, afirma Emílio Matsumura, diretor-executivo do Instituto E+ Transição Energética.

Por outro lado, da mesma forma que gera oportunidades, o hidrogênio verde também apresenta desafios e questionamentos sobre possíveis impactos ambientais e sociais. O alto consumo de água para a eletrólise é um exemplo. É preciso de cerca de 9 litros de água doce para produzir 1 kg de hidrogênio (e 8 kg de oxigênio).

“Em um país onde a distribuição e o acesso à água potável e ao saneamento ainda são desiguais, é preciso ter cuidado quanto a propostas que gerem ainda mais pressão sobre os recursos hídricos do país, para que não acentue o crescimento da apropriação privada da água como mercadoria, que geraria conflitos pelo uso da água e a mercantilização de um bem comum.” afirma Marcelo Montenegro, coordenador de Justiça Socioambiental da Fundação Heinrich Böll no Brasil.

Sendo assim, a fundação acredita que, por ser uma questão emergente dentro do cenário nacional, é necessário o fortalecimento de um debate amplo com a sociedade civil, para levantar questionamentos e apontar direções que busquem alinhar as expectativas da adoção do hidrogênio verde no Brasil com o respeito e garantia da proteção dos direitos socioambientais da população brasileira. A participação e diálogo da sociedade civil é fundamental para a construção e a implementação de qualquer estratégia de descarbonização de matrizes energética.

Para acompanhar o evento online e gratuito, se inscreva aqui.