Baía de Guanabara: a necessidade de ações locais

O segundo lançamento do livro Baía de Guanabara: Descaso e Resistência, de Emanuel de Alencar, teve um debate que contou com a presença de Axel Grael, vice-prefeito de Niterói, e Dora Negreiros, engenheira ambiental e ambientalista. Emanuel Alencar foi o mediador e orientou todo o debate com trechos de seu livro. O evento, que aconteceu na Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF), levantou questões como a escala do projeto ideal de despoluição da Baía, a quantidade de recursos a serem investidos nesse processo e a criação e preservação de conhecimentos pela memória da Baía de Guanabara.

O autor abriu a mesa de debates defendendo a teoria que a crença em grandes projetos de financiamentos altos é um dos maiores obstáculos para se despoluir a Baía. Axel Grael, que milita com questões  ambientais desde o final da década de 1970, concordou com o autor e afirmou tambéem acreditar que a solução para o problema da poluição na Baía de Guanabara é a participação social. Segundo o vice-prefeito de Niterói, é preciso que o cidadão perceba a gravidade do problema: “Para que você consiga ter uma participação social maior no processo, você tem que trazer o problema para uma escala pequena e localizada, pois assim é muito mais fácil que o cidadão se sinta importante naquele contexto e passe a trabalhar em prol daquilo”. E esta lógica talvez explique  as condições de balneabilidade das praias niteroienses que cresceram de 20% em 2014 para 40% em 2015 e com meta de chegar a 50% em 2016.

Tratando de educação, memória e criação de conhecimentos, Dora Negreiros, ambientalista, falou sobre a história do Instituto Baía de Guanabara (IBG). Criado por ela e por outros especialistas contra  crimes ambientais, o IBG surgiu após a demissão desse grupo do governo. Ao se reunirem, montaram um instituto com uma biblioteca, com o objetivo de se tornarem um centro de pesquisas e de produção de conteúdos sobre a Baía de Guanabara: “Achamos importante que a informação seja acessível às pessoas. Um relatório técnico que sai da universidade nem sempre é legível para o cidadão comum. No IBG nós temos a preocupação de traduzir uma linguagem técnica a uma linguagem acessível”, contou.

Os três debatedores chegaram ao consenso de que as soluções para a despoluição da Baía de Guanabara não são unilaterais. “As alternativas têm que ser pensadas junto, como uma unidade entre governança, sociedade civil e especialistas. Grandes campanhas conseguem bons resultados”, afirma Dora Negreiros. A ambientalista ainda fez um apelo para a situação dos botos, que tiveram destaque durante o debate: Os botos se comunicam pelo som e o barulho dos barcos atrapalha. Deveríamos criar, na Baía, uma zona de proteção ao boto”.

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