A Baía de Guanabara é cantada pelos poetas e admirada pelos que a cruzam ou sobrevoam. É um símbolo nacional. O olhar romântico, porém, perde espaço para a dura realidade de abandono. À luz desta polêmica, o jornalista Emanuel Alencar mergulhou nas questões que giram em torno da temática para produzir o livro “Baía de Guanabara – Descaso e Resistência”, que tem lançamento marcado para o dia 23 de junho, às 18h30, no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), no Flamengo. A publicação foi idealizada pela Fundação Heinrich Böll em parceria com a editora Mórula.
Emanuel discorre, com propriedade, sobre o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), que durou 20 anos sem sucesso, a difícil realidade dos pescadores que ainda vivem da pesca artesanal e as questões que envolvem a falta de saneamento ao redor da Baía, que fazem com que ela receba 8 mil litros de esgoto por segundo. O livro provoca grandes reflexões sobre as prioridades da cidade, que passa por mudanças sociais e urbanísticas para sediar as Olimpíadas de 2016. A Baía de Guanabara, inclusive, é um dos “palcos” do evento. Ao longo das 124 páginas, o autor demonstra como o esforço para transformar o cenário de degradação da Baía traria impactos múltiplos pra cidade: de trabalho e renda, meio ambiente, saúde, esporte, transporte e lazer.
“Para discutir a situação da baía, cartão-postal e local das regatas dos Jogos Olímpicos de 2016, busquei referências em mais de 30 publicações, entre textos, reportagens e artigos científicos, e em uma dezena de entrevistas com pesquisadores, ativistas ambientais, pescadores, gestores e servidores públicos. O discurso quase consensual aponta para o ambiente político como o grande vilão, determinante para os avanços bastante tímidos na despoluição”, conta Emanuel.
“Pelos que têm poder de decisão, a Baía é vista como um espaço de aproveitamento, principalmente, da indústria petroleira. Há nas suas margens uma refinaria em funcionamento, a REDUC, e uma segunda em construção, e nos últimos anos a Baía virou estacionamento desta indústria para navios, plataformas e rebocadores; principal ponto de apoio do projeto pré-sal. Em todo debate pré-olímpico sobre a despoluição da Baía, provocado pela atenção internacional, nunca se questionou esta ocupação do espaço da Guanabara, e assim, na prática, determinou-se sua contínua poluição”, diz Dawid Danilo Bartelt, diretor do escritório Brasil da Fundação Heinrich Böll, no prefácio que apresenta o livro.
Para Emanuel, falar em despoluição da Guanabara quando mais de 1,6 milhão de moradias no Rio de Janeiro sequer são abastecidas por redes de esgoto é peça de ficção. Apartir de exemplos internacionais, a obra mostra que a despoluição é possível.Há, portanto, uma luz no fim do túnel. Os resistentes 38 botos-cinza que suas águas abrigam são a prova disso.
Biografia do autor
Emanuel Alencar estudou Jornalismo na Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ), onde se formou em 2006. É pós-graduado em Gestão Ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com o Instituto Brasil PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). Começou a carreira na Revista Ferroviária. Depois de rápida passagem pela assessoria de imprensa da Eletronuclear (Eletrobrás Termonuclear S/A), integrou a equipe do jornal O Fluminense, de Niterói (RJ). Por sete meses, trabalhou na equipe de pesquisa do jornal O Dia, indo depois para o jornal O Globo, onde permaneceu por oito anos. Atualmente, é editor de Conteúdo do Museu do Amanhã. Mantém ainda uma coluna no portal O Eco, especializado em jornalismo ambiental.
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O livro está sendo vendido no site da Mórula e em breve chegará em diversas livrarias