Maureen Santos analisa os processos em torno da COP 21 para o Observatório da Imprensa

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Apresentado por Alberto Dines, o Observatório da Imprensa vai ao ar todas as quintas, às 23h, na TV Brasil

A coordenadora de Justiça Socioambiental da Fundação Heinrich Böll Brasil, Maureen Santos, participou, na última quinta-feira (05/11), do Observatório da Imprensa, na TV Brasil. Apresentado por Alberto Dines, o episódio debateu a próxima Conferência do Clima (COP 21), que terá início em 30 de novembro e segue até 11 de dezembro.

A três semanas da COP, que reunirá representantes de 196 países em Paris, o Observatório da Imprensa convidou os especialistas Sérgio Besserman (PUC-Rio), Calor Rittl (Observatório do Clima) e Thelma Krug (Inpe) para um debate sobre as mudanças climáticas e as expectativas para o encontro.  Entre os principais objetivos da Conferência, está a criação de um novo acordo global para a redução da emissão de gases poluentes. Caso seja firmado, o acordo substituiria o Protocolo de Kyoto, em vigor desde 2005.

No fim de setembro, o Brasil apresentou seus INDCs – sigla em inglês para “Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas” - documento que explicita as metas de redução de emissões de cada país, assim como as estratégias a serem adotadas para tal fim. Entre as promessas feitas pelo governo brasileiro estão, por exemplo, uma redução de 37% dos gases de efeito estufa até 2025 e o reflorestamento de uma área de 12 milhões de hectares até 2030.

Segundo Maureen Santos, as metas são consideradas “ambiciosas” pelas organizações sociais, mas é preciso questionar as medidas que serão adotadas para sua implementação. O reflorestamento prometido, por exemplo, abre espaço para o avanço de monoculturas, como a do eucalipto, alerta. Voltado para o abastecimento da indústria de celulose, o eucalipto consome enormes quantidades de CO2 e suga rapidamente os nutrientes do solo, dificultando o crescimento de outras espécies ao seu redor. 

A ausência de debates sobre o modelo de desenvolvimento é outro ponto criticado pela pesquisadora, que considera que, ao propor um combate às mudanças climáticas sem alteração do paradigma atual, a sociedade está apenas “enxugando gelo”.

 – Se você tem um problema ambiental, o problema da mudança climática, é porque você tem relacionado a isso um processo de modelo de desenvolvimento que vem causando esse problema. Então, se você não discute esse modelo como uma causa, e por isso que é importante você mudar de modelo, para você não enfrentar esse problema no futuro, você não vai ter como enfrentar isso – pondera Maureen.