Perspectivas nº 1
Produzida pela Fundação Heinrich Böll, a revista “Perspectivas: América Latina” traz análises e comentários políticos sobre a região. O primeiro número da publicação, lançado em setembro, gira em torno do debate sobre as alternativas ao extrativismo, trazendo oito artigos sobre o tema.
No primeiro artigo, o sociólogo Edgardo Lander fala sobre o neo-extrativismo, modelo de desenvolvimento controverso que tem gerado cisões na esquerda. Embora esse grupo costume ser sempre crítico a esse modelo em algum nível, há uma divisão entre aqueles mais moderados, que priorizam a luta antiimperialista e a recuperação do Estado, e aqueles mais radicais, que pretendem encontrar alternativas ao desenvolvimentismo desenfreado e a preservar a vida da lógica predatória em vigor em nosso modelo de sociedade.
Nos dois textos seguintes, o economista Alberto Costa e a especialista em desenvolvimento Camila Moreno abordam as alternativas a esse sistema, a partir da perspectiva do que chamam de “pós-extrativismo”. Enquanto Costa mostra que os governos progressistas da América Latina não dão indicações claras de nenhuma intenção de superação do modelo em voga, Moreno discute a visão do extrativismo como “materialização do capitalismo”, sublinhando a capacidade dessa percepção de criar diálogos entre diferentes movimentos e, ao mesmo tempo, chamando atenção para o perigo de se tentar reduzir o capitalismo aos processos extrativistas.
A reflexão se estende com o artigo da socióloga Maristella Svampa, que trata do agronegócio e de suas alternativas, trazendo como exemplo o caso da Argentina, que, assim como o Brasil, se encontra entre os quatro maiores produtores mundiais de soja transgênica. Em seguida, o antropólogo Carlos Monge traz para o debate a questão da geração de energia no cenário peruano, abordando os modelos hidrelétrico e petroleiro.
Mudando um pouco o foco do debate, os autores Juán Pablo Gimenez e Miguel Ángel Gonzales Silva, ambos da CEPAL, analisam a política fiscal latino-americana e sua relação com o extrativismo. Já a antropóloga Astrid Ulloa, autora do penúltimo artigo da publicação, procura analisar as disputas territoriais na região e os processos de resistência desencadeados pelas violações de direitos. Fechando esse primeiro número da revista, a brasileira Nalu Faria, representante da Marcha Mundial das Mulheres e da SOF, apresenta o tema sob uma perspectiva feminista, acentuando a importância de se colocar a vida humana no centro de um novo modelo de sociedade e de se reconhecer a ligação entre produção e reprodução.
Detalhes da publicação
Índice
2 Introducción
8 Neo-Extractivismo – un modelo de desarrollo controvertido y sus alternativas
Edgardo Lander
12 Después del saqueo: Caminos hacia el posextractivismo
Alberto Acosta
18 El posextractivismo y el reto de repensar el metabolismo de la economía mundial
Camila Moreno
23 Toma de tierras para el plato de carne: Debates y alternativas al modelo de agronegocios. El caso de la Argentina
Maristella Svampa
28 Entre la energía hidroeléctrica y el petrodólar: El reto de una gobernanza democrática de la energía en el Perú
Carlos Monge
34 Tiempo de reformas: Política fiscal y sistemas tributarios en América Latina
Miguel Ángel González y Juan Pablo Jiménez
39 La resistencia territorial en América Latina
Astrid Ulloa
44 El aprecio de la vida humana: Alternativas feministas al actual modelo de sociedad
Nalu Faria