A Copa do Mundo 2014: qual foi o legado?
Numa ação conjunta entre FBI (Federal Bureau of Investigation) e a polícia suíça a Fifa teve sete dirigentes detidos em Zurique, além de dois indiciados sob alegação de crimes ligados a conspiração, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça. O novo escândalo trouxe novamente os holofotes para a Copa do Mundo de 2014 e seus legados. A presidente Dilma Rousseff afirmou que “Não há qualquer motivo para se engajar qualquer processo de corrupção [na escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014]. Tudo que diz respeito à investigação é do maior interesse do Brasil. Foi gerado muito dinheiro aqui, o que é bom para todo mundo, desde que tenha sido de forma absolutamente transparente.”[1]
Algumas das principais promessas feitas durante a Copa do Mundo ainda continuam sem terem sido concretizadas: obras incompletas, estádios deficitários, repressão policial e gastos públicos elevados compõem a história do evento no Brasil. Os custos da Copa chegaram a R$ 27,42 bilhões, ao todo 250 mil pessoas foram removidas ou ainda estão em processo de remoção, dos 12 estádios oito estão deficitários num prejuízo total de R$ 126 milhões, ocorreram 26 greves e paralisações dos trabalhadores e oito pessoas morreram durante as obras. Nos projetos de mobilidade urbana foram gastos R$ 8,7 bilhões, e apenas parte deles estão em pleno funcionamento. A Fifa ganhou isenções fiscais que chegaram a cerca de R$ 558 milhões e somente as construtoras tiveram isenções no valor R$ 329 milhões. Para analisar e recontar essa história a convite da Solidar Suíça, Marilene de Paula, coordenadora de Programas e Projetos da Fundação Heinrich Böll Brasil, elaborou o relatório “A Copa do Mundo de 2014: legados e desafios”, agora numa versão em português atualizada.
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A Solidar é uma rede de organizações europeias que trabalha para o avanço da justiça social, política e econômica nos países em que atua. O escritório da Suíça, além de promover campanhas nacionais, apoia projetos em 13 países ao lado de sindicatos e organizações de base para reivindicar maiores direitos.
Diante dos recentes escândalos a Solidar Suíça criou uma campanha para exigir maior responsabilidade dos patrocinadores da FIFA (Ask FIFA-Sponsors: Human rights instead of corruption), inclusive pedindo que deixem de apoiar a entidade, citando as mortes de centenas de trabalhadores no Catar para a construção dos estádios de futebol daquele país, cujos números já chegam, segundo a International da Trade Union Confederation, a 1200 imigrantes, a maioria da Índia e do Nepal.
Acesse o relatório “A Copa do Mundo de 2014: legados e desafios” em português e clique aqui para a versão em inglês (The 2014 World Cup in Brazil: its legacy and Challenges).
A Fundação Heinrich Böll criou um dossiê sobre a Copa do Mundo no Brasil. Confira!
[1] Jornal O Globo. Dilma diz que 'não há motivo' para crer em corrupção na escolha do Brasil como sede da Copa. 08/06/2015. Disponível em http://oglobo.globo.com/esportes/dilma-diz-que-nao-ha-motivo-para-crer-em-corrupcao-na-escolha-do-brasil-como-sede-da-copa-16382120#ixzz3d9YR3GDp, acesso 15/06/2014.
Detalhes da publicação
Índice
1. Introdução 3
2. Economia e gasto público 5
3. O Estado de exceção e a FIFA 6
4. Trabalho: greves, acidentes e mortes 9
5. Aeroportos 13
6. Turismo 14
7. Projetos de mobilidade urbana 15
8. Construções e reformas de estádios com fundos públicos 19
9. Remoções forçadas 24
10. Protestos e os efeitos da Copa para movimentos sociais e ONGs 26
11. Considerações finais: megaeventos e a cidade como vitrine 27