LAREF (Latin America Renewable Fair)
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Entre os dias 17 e 19 de março de 2009 aconteceu no Rio de Janeiro a LAREF (feira latino-americana de energias renováveis, na sigla em inglês) e que teve apoio da Fundação Heinrich Böll. O tema principal do evento deste ano foi a energia solar e a coletiva de imprensa, na abertura da conferência, abordou o tema de forma bastante enfática. Um dos presentes à mesa era o representante desta indústria, Antônio Granadero (Kyocera Solar), e ele foi categórico: "É preciso acordar o mundo para a energia solar porque ela vai ser a energia mais limpa no futuro e a alternativa mais viável para o planeta. Não haverá outra. É preciso ter a mesma visão que se teve nos anos 70, quando o país foi criticado por investir demais em hidrelétricas, numa época em que as termoelétricas eram muito mais baratas, por conta do baixo preço do barril de petróleo. Se não tivéssemos ouvido a opinião de políticos e cientistas pró-usinas hidrelétricas da época, hoje estaríamos enfrentando um problema enorme. É preciso que haja uma voz neste sentido agora, como nos anos 70, para deixarmos de ser um país “barrageiro” e nos tornamos um país solar."
O professor de Eletrotécnica e Energia da USP, Célio Bermann, fez uma apresentação durante o evento com o objetivo de que se reflita sobre a enorme demanda de energia e de ela ser absolutamente necessária para o desenvolvimento do país. A palestra "Energia para que e para quem", baseada na publicação de mesmo nome, nos revela, por exemplo que, segundo dados de 2007, a indústria teve uma participação de 51% do total do consumo de energia no país (indústria pesada e leve, mineração e agropecuária). Desta forma, de fato a energia solar fotovoltaica não tem como dar conta desta demanda.
Outro dado nos diz que, nos últimos sete anos, aumentou a participação principalmente da indústria pesada no consumo energético (setores produtivos eletrointensivos: minério de ferro, alumínio, cimento, papel e celulose e aço), e que o conjunto composto por cimento, minério de ferro, alumínio, papel celulose e siderurgia correspondeu, ainda em 2007, a 37,1% do consumo industrial de energia no país. Ao mesmo tempo, a exportação consumiu, no mesmo ano, 43% da nossa produção de eletricidade e 77,8% da energia total contida nos produtos produzidos pelos mesmos cinco setores. Ou seja, tudo isso para satisfação do mercado externo.
A conclusão a que se chega, ao fim da apresentação é que o aumento da demanda está cada vez maior e que as energias renováveis não têm como prover isso tudo. Há necessidade urgente de implementação de políticas públicas para redução de consumo no setor industrial. Do contrário, não há alternativas.
» Acesse aqui a apresentação completa do professor Célio Bermann
» Errata-Tabela 3.111 - publicação escenarios
» Faça o download da publicação (em espanhol)
Energia Nuclear no Brasil e na França
O debate organizado pelo Greenpeace tinha como formato a comparação entre a questão nuclear na França e no Brasil. O objetivo era mostrar que o cenário naquele país era muito parecido com o que estamos correndo o risco de atingir, se continuarmos insistindo na energia nuclear como alternativa tanto para o aquecimento global quanto para a demanda crescente de energia. O seminário abordou temas como as emissões de gases de efeito estufa, o armazenamento de resíduos, os custos e os riscos da geração nuclear, além da questão da legalidade da construção de Angra 3. Leia aqui as principais questões discutidas no debate.
» Acesse aqui o parecer jurídico sobre a construção de Angra 3
» Leia aqui a matéria do O Estado de S. Paulo sobre a autorização do Ibama para Angra 3
IBSA e a questão energética
Leia o artigo de Fernanda Fernandes, pesquisadora do Centro de Estudo das Américas da Universidade Cândido Mendes, sobre o bloco Brasil, Índia e África do Sul e que tem como objetivo principal estreitar as parcerias Sul-Sul entre países que dividem alguns interesses comuns, como é o caso da energia, tanto nuclear, quanto a advinda dos agrocombustíveis, entre outros.