Evangélicos à Esquerda no Brasil
O fascículo Evangélicos à esquerda no Brasil traz entrevistas com lideranças e coletivos nas eleições 2020, de Comunicações do Iser, traz para um público amplo reflexões de atores religiosos, notadamente evangélicos e evangélicas, sobre as eleições 2020. Desde a movimentação orgânica de católicos e evangélicos para elegerem representantes ao Congresso Nacional naquela legislatura (1987-1990) que seria marcada pela elaboração da nova Constituição, após 21 anos de ditadura militar no Brasil, o conservadorismo religioso ganhou destaque em trabalhos acadêmicos e na mídia secular.
Contudo, a partir das eleições presidências de 2010, a ênfase na participação desses atores religiosos se avolumou atingindo uma espécie de culminância nas eleições 2018, quando parte dos evangélicos foram identificados como o principal grupo de apoio a Jair Messias Bolsonaro, vitorioso naquele pleito. Na maior parte das abordagens, uma forma de pensamento binário se pronunciava tornando opaca a diversidade de posicionamentos políticos, sociais e até mesmo doutrinários/teológicos/cosmológicos presentes no interior dos grupos religiosos no Brasil. Certamente, o Brasil, assim como outros países das Américas e da Europa, passou por uma efervescência conservadora que fez desmoronar conquistas de grupos sociais minoritários, políticas públicas inclusivas, programas de assistência social, um modelo de gestão no qual a participação popular era incentivada.
O material reunido neste número de Comunicações do Iser conta com cinco entrevistas realizadas com lideranças evangélicas, algumas concorrendo às eleições 2020 em candidaturas individuais, outras em candidaturas coletivas. São eles: Ariovaldo Ramos, Nilza Valéria, Samuel Oliveira, Tiago Santos e os integrantes da Candidatura Coletiva Plural. Ari, como é mais conhecido, ministra na Comunidade Cristã Reformada, em São Paulo. À época da entrevista, era o coordenador nacional da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, ao lado de Nilza Valéria, nossa segunda entrevistada. Eles foram fundadores do movimento em 2016, logo após o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Valéria atuou na Visão Mundial Brasil, no mandato da deputada estadual Mônica Francisco (PSOL-RJ), e atualmente integra a Rede de Mulheres Negras Evangélicas. Samuel de Oliveira é coordenador do movimento Bancada Evangélica Popular e foi candidato pelo PCdoB à Câmara de Vereadores de São Paulo em 2020. Tiago Santos é idealizador e coordenador do movimento Cristãos Contra o Fascismo, criado em 2018. É teólogo de formação e concorreu nas eleições de 2020 pelo PSOL-RS a uma cadeira na Câmara Municipal de Porto Alegre, em uma candidatura coletiva.
Por fim, o ISER contou com a colaboração de Jonatas Arêdes, membro da 2ª Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte e pequeno produtor rural, Fellipe Gibran, pastor, advogado e integrante da Comunidade Evangélica Unidade em Cristo, Djenane Vera, professora de artes plásticas na rede pública de ensino, ceramista e frequentadora da Igreja Cristã Maranata e Kenia Vertello, estudante de pedagogia e membro da Igreja Batista Connect. Esses quatro jovens integravam o Coletivo Plural, candidatura que concorreu naquelas eleições a uma vaga na Câmara Municipal de Belo Horizonte pelo recém-criado partido Unidade Popular.
A publicação foi apoiada pela Fundação Heinrich Böll Brasil, pela Fundação Ford e pelo LEPAR - Laboratório de Estudos em Política, Arte e Religião, da Universidade Federal Fluminense.
Detalhes da publicação
Índice
Apresentação
“Identidades, números e histórias de evangélicos nas eleições 2020” .................... 7
Entrevista com Ariovaldo Ramos
Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito ......................................................... 14
Entrevista com Nilza Valéria
Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito e Rede de Mulheres Negras Evangélicas ......................... 30
Entrevista com Samuel Oliveira
Movimento Bancada Evangélica Popular ......................................................... 43
Entrevista com Tiago Santos
Movimento Cristãos Contra o Fascismo ......................................................... 53
Entrevista com Jonatas Arêdes, Fellipe Gibran, Djenane Vera e Kenia Vertello
Integrantes da Candidatura Coletiva Plural (MG) ......................................................... 66
Epílogo
“Evangélicos e eleições: anotações para uma agenda de pesquisa”, por Regina Novaes ......................................................... 80