A “nova classe média” no Brasil como conceito e projeto político (versão impressa esgotada)
A Fundação Heinrich Böll lançou em São Paulo o livro “A Nova Classe Média no Brasil como conceito e projeto político.” A publicação reúne artigos de cientistas sociais de algumas das mais prestigiadas universidades e assim como de altos representantes da sociedade civil brasileira. Trata-se de uma análise crítica sobre o discurso que afirma que o aumento da renda de parte dos brasileiros configura o Brasil como um país de classe média.
O evento de lançamento foi promovido em parceria com a rede Plataforma Política e Social pelo Desenvolvimento e Jornal Le Monde Diplomatique Brasil . Veja as gravações dos debates na TV diplomatique.
Assinam os artigos: Jessé Souza (UFJF); Sonia Fleury (FGV); Eliana Vicente (UFF); Cândido Grzybowski (Ibase); Marcio Pochmann (Unicamp); Celia Kerstenetzky e Christiane Uchôa (UFF); Waldir Quadros, Denis Maracci Gimenez e Daví José Nardy Antunes (Unicamp); Lucia Cortes da Costa (PUC-SP); Amélia Cohn (Unicamp); Claudio Salm e Ligia Bahia (UFRJ); Marilene de Paula (Fundação Heinrich Böll); Nina Madsen, (Cfemea); Ivo Poletto (Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social); Elísio Guerreiro do Estanque (Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra).
Abaixo um trecho da introdução:
“Para um presidente como Lula, pouca coisa poderia servir melhor como legado do seu governo do que o de ter criado uma “Nova Classe Média” (NCM), ainda mais em um país emergente com uma longa tradição de extrema desigualdade. Por isso não pode surpreender o fato de, nos governos Lula e Dilma, ter sido construída uma narrativa que organiza os ganhos reais dos salários de pessoas de baixa renda no Brasil e os avanços nas políticas sociais sob este título. Fica logo evidente que se trata menos de um fato sociológico e mais de um projeto de estratégia e marketing políticos. Por isso, a retórica e as artes aritméticas das classificações de renda que o acompanham não apenas fazem sentido como são estratégicas. Na era pós-ideológica, o poder político se realiza no centro; é ocupar o meio entre os “extremos”, pois o centro da sociedade garante a hegemonia e a luta polarizada, não. Na Europa, os grandes partidos outrora identificados como “de direita” ou “de esquerda” se movimentam rumo ao “centro”, declarando direita e esquerda como margens da sociedade, território ideológico dos de ontem. No Brasil, já assistimos a embates políticos por esta classe; o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso alertou o seu partido, o PSDB, para não perder tempo em “brigar” com o PT pela hegemonia nos movimentos sociais e junto ao povão. O esforço em ampliar e consolidar a base eleitoral deve-se focar na NCM1. No ano de 2012, houve interessante junção de fatos, formando uma ofensiva de marketing na construção de uma visão sobre a NCM brasileira [...]”
Versão impressa esgotada.