Após o episódio do massacre de Eldorado dos Carajás em 1996, o Pará ainda é palco da violência no campo. Desde essa época 212 pessoas foram assassinadas em conflitos agrários. Cerca de 809 sofreram ameaças de morte, uma média de 14 execuções por ano. Os dados são da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que avalia a situação em Marabá, onde ocorreu, na semana passada o assassinato do casal de ambientalistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, e também o agricultor Eremilton Pereira dos Santos. E, em Rondônia, a execução do líder do Movimento Camponês Corumbiara, Adelino Ramos.
De acordo com relatórios da Pastoral da Terra 463 fazendas foram ocupadas na região desde 1996. Foram 75,8 mil famílias instaladas e 31,5 mil despejadas. Os conflitos resultaram em 779 prisões. De acordo com o advogado da CPT, José Batista, em cada dez mortos, sete são da região de Marabá. Um dos motivos é a devastação na área. Há poucas regiões de florestas, com isso aumenta a cobiça pela madeira. O advogado também relata que a expectativa de mudanças no Código Florestal favoreceu as derrubadas.
A CPT registrou em seu banco de dados o assassinato de 1580 pessoas entre os anos de 1985 até 2010 em todo o país. Destes, somente 91 casos foram a julgamento com a condenação de apenas 21 mandantes e 73 executores.
Em relação à ameaça de morte no campo, a CPT contabilizou 1.855 pessoas ameaçadas de 2000 a 2011. Deste número, 207 pessoas foram ameaçadas mais de uma vez. Destas, 42 foram assassinadas e outras 30 sofreram tentativas de assassinato.
Para o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) os crimes cometidos na semana passada no Pará e em Rondônia, que “vitimaram quatro pessoas foram assassinatos cometidos com muita frieza. Dos quatro crimes, três foram anunciados com antecedência pelas próprias vítimas e um foi queima de arquivo. A facilidade com a qual se mata líderes populares e militantes dos direitos humanos no campo brasileiro humilha a justiça e a sociedade. O Inesc se solidariza aos familiares, amigos e companheiros das vítimas e se junta a todos os que pedem imediata punição dos responsáveis", afirma Atila Roque, membro do colegiado de Gestão do Inesc.
Fonte: Inesc