Entidades realizam Reunião sobre Cooperação Internacional, Políticas Públicas e a Questão Racial no Brasil
Fundações do campo da cooperação internacional e entidades nacionais se reuniram no dia 31 de agosto último, no escritório da Fundação Ford no Rio de Janeiro, para discutir as ações e estratégias das agências de cooperação na temática racial no Brasil. A reunião foi organizada pelas fundações Ford, Kellogg, Avina e Oxfam GB, e contou com a participação de outras 11 entidades (Action Aid, Avina, Brazil Foundation, Fundação Friedrich Ebert, Fundo Ângela Borba, Fundo Brasil de Direitos Humanos, Gife, Heinrich Böll, Inter American Foundation, Petrobras, UNESCO e UNIFEM), além de especialistas na temática.
A convocação da reunião foi motivada pelo crescimento e diversificação recentes da agenda e das políticas públicas de combate ao racismo e promoção da igualdade racial. Este cenário coloca necessidades de apoio para as quais as entidades de cooperação precisam estar mais atentas e afinadas.
A reunião contou com dois painéis de especialistas. Um primeiro, intitulado “Desafios: Desigualdade, Políticas Públicas e Questão Racial no Brasil Contemporâneo”, contou com exposições de Marcelo Paixão (UFRJ), Sueli Carneiro (Geledés) e Hédio Silva Jr. (CEERT), e foi seguido da apresentação dos representantes das agências relatando seus objetivos e ações no campo das relações raciais. O segundo foi um painel de discussão sobre os relatos das agências, por Cida Bento (CEERT), Renato Emerson dos Santos (Fundação Ford) e Atila Roque (INESC).
Os participantes da reunião apontaram para o fato de que apesar de muitas entidades apoiarem e/ou executarem projetos cuja maioria do público beneficiário é negra, o tema racial é ainda raramente abordado ou estrategicamente reconhecido dentro destas organizações.Ao longo das apresentações e discussões, vários pontos sensíveis foram abordados: a importância do foco na construção de políticas públicas; a necessidade da valorização e do apoio ao protagonismo das entidades negras (que têm expertise para tratar da temática, mas que são também aquelas que construíram e sustentam politicamente a agenda); a necessidade de as agências incorporarem a temática racial em suas linhas de atuação (como específica e transversal) e também nas suas relações internas, dando diversidade à composição de suas equipes.
Representantes de agências e painelistas apontaram que, se por um lado a reunião demonstrou o número significativo de entidades trabalhando com o tema e um interesse numa convergência de agendas em torno da importância desta questão, por outro, os montantes totais disponíveis no campo para esta agenda ainda são escassos, se comparados a outras temáticas. Frisaram também a necessidade de articulação entre as agências, para assegurar o protagonismo de novas organizações negras.
As possibilidades futuras levantadas, visando superar este quadro e aproveitar o ambiente de convergência existente, devem ganhar concretude a partir da próxima reunião que as agências realizarão, marcada para meados de novembro próximo.
Prof. Renato Emerson dos Santos
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Depto. de Geografia da Faculdade de Formação de Professores
Associação dos Geógrafos Brasileiros - Seção Rio de Janeiro