O jogo das águas transfronteiriças - Publicações

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O objetivo desta publicação que trata da complexa questão das águas

transfronteiriças é apresentar o contexto regional no qual se coloca o problema

da água doce na América do Sul. Cientistas caracterizaram o século

XX como a era dos conflitos1, mas, num breve olhar, verifica-se que,

no século XXI, os conflitos continuam com mais intensidade. Luta-se

por petróleo, por espaço geopolítico e por água. Elza Bruzzone, uma das

especialistas que participam desta publicação, afirma que “a água potável

tem se transformado no recurso estratégico do século XXI. Tem sido, é

e continuará sendo, sem dúvida, fonte permanente de conflitos”.

“A água é vida”, declara Elza: “sem ela, o planeta e os seres não existiriam.

Portanto, quem tem o controle da água potável, controlará a vida

e a economia do mundo”. Essa preocupação com as gerações futuras perpassa

e enriquece todo o texto. Ao falar sobre as águas no contexto argentino,

Elza nos dá uma tradução militante da questão da água e da luta

necessária na América do Sul. “Lentamente nossos países estão aprendendo

a superar desconfianças, temores e receios. Palavras como

integração e cooperação adquirem cada vez mais sentido, porque os

problemas que enfrentamos são os mesmo para todos”, diz ela.

Elza faz um chamamento cuja razoabilidade ecoa em todas as organizações

e pessoas que partilham dos princípios da democracia: “fazse

necessário a articulação e a coordenação das organizações

intergovernamentais, governamentais e da sociedade civil com responsabilidade

e interesses na gestação, no uso e na proteção dos recursos

hídricos. Isso nos leva a buscar um planejamento integrado e

participativo da água”.


A questão da água está circundada pelo debate sobre os projetos de

integração que estão na pauta prioritária dos governos sul-americanos. O

projeto Iniciativa de Integração da Infra-estrutura Regional Sul-americana2

(IIRSA), que está sendo executado nos vários países com nomes diversos3,

está sofrendo uma série de críticas. Uma das principais é a de

que não há nada na idéia de integração que seja favorável ao futuro dos

povos do continente4. Outro debate diz respeito aos conceitos de desenvolvimento

e crescimento. O primeiro é entendido como pleno de possibilidades

de efetiva integração dos povos. O segundo é carregado de um

viés economicista, de uma visão mercantilista da vida.