A Universidade da Amazônia (UNAMA) em Belém (PA) será palco, no próximo dia 24 de abril, do evento internacional “Futuros Positivos – Rumo à COP30”, que propõe uma reflexão sobre os desafios globais a partir de experiências inovadoras das periferias urbanas e rurais. A iniciativa reúne especialistas, ativistas, artistas, jornalistas e estudantes em um encontro marcado por debates, arte, moda sustentável e gastronomia agroecológica.

Organizado pela Fundação Heinrich Böll, em parceria com os cursos de Gastronomia e Moda da UNAMA, o evento é parte dos preparativos da sociedade civil rumo à COP30, que será realizada em Belém em 2025. A proposta é destacar o protagonismo de comunidades que, com criatividade e saberes locais, desenvolvem soluções concretas para temas como justiça climática, segurança alimentar, equidade de gênero e preservação ambiental.
“Acreditamos muito nas soluções criadas pelas comunidades tradicionais e periféricas que apoiamos, pois são elas quem realmente conhece os desafios diários”, afirma Regine Schönenberg, diretora da Fundação Heinrich Böll no Brasil. Ela defende o fortalecimento das trocas de saberes que partam do local para o global. “Vejo neste reconhecimento da força das bases uma das poucas saídas para uma humanidade sacudida por tantas tragédias anunciadas.”
Diversidade de vozes e experiências
Entre os convidados está Lennon Medeiros, da organização Visão Coop, da Baixada Fluminense (RJ), que utiliza inteligência artificial para apoiar a adaptação climática em áreas vulneráveis. Para ele, a tecnologia precisa ser aplicada estrategicamente, especialmente em regiões periféricas onde os impactos das mudanças climáticas são mais severos. “Não é só sobre memes e curiosidades. A inteligência artificial pode e deve ser uma ferramenta social”, afirma.
A jovem ativista Waleska Queiroz, cofundadora do Observatório COP das Baixadas, também participa do evento. Ela é uma das vozes que vêm fortalecendo a presença das juventudes periféricas nos debates internacionais sobre meio ambiente e justiça climática, defendendo que territórios historicamente invisibilizados passem a ocupar lugar de protagonismo na formulação de políticas globais.
A UNAMA estará representada pelo professor João Cláudio Arroyo, referência em agroecologia, sistemas alimentares e políticas públicas. Seu trabalho articula práticas sustentáveis, soberania alimentar e saúde com a valorização dos saberes tradicionais da Amazônia, especialmente em comunidades onde a agricultura familiar resiste às pressões do agronegócio e da urbanização.
O evento também contará com a presença dos artistas Cilene Marajoara e Ronaldo Guedes, do Ateliê Arte Mangue Marajó, que apresentarão o projeto Cosmopercepções da Floresta, realizado com o Goethe-Institut. A proposta une arte, ciência e saberes indígenas e ribeirinhos para escutar e interpretar os ecossistemas amazônicos de forma sensível e plural.
Segundo os organizadores, o Futuros Positivos propõe um mapeamento global de experiências transformadoras de base, com foco na valorização dos conhecimentos e práticas das periferias. “Muitas dessas ações, mesmo sendo eficazes, não são reconhecidas como prioritárias para o financiamento climático. Isso precisa mudar”, defende Schönenberg.