Annette chegou ao Brasil para dirigir o escritório da Fundação Heinrich Böll em uma quarta feira de carnaval de 2017. Desembarcou na cidade maravilhosa ao som dos tamborins e iniciou assim sua aventura carioca.
Annette é pessoa animada. Se você chamá-la para ir na Amazônia, ela vai, se chamar para uma cervejinha ela topa. Se chamá-la para uma manifestação do dia das mulheres ela estará lá na luta por um mundo mais democrático e justo.
Tem compromisso com o pensar fora da caixa, com o feminismo, com o tema da expansão dos grupos armados, problema que vemos de perto no Rio de Janeiro. Por seu espírito rebelde deu atenção ao tema dos direitos digitais. Nunca dizia um não de cara, seja em propostas ou perguntas. Poderia não concordar, mas ouvia o outro lado e dialogava, com o intuito de chegar a um ponto comum e possível.
É uma pessoa divertida, de riso fácil, e rebelde. Trabalhou na Guatemala e Nicaraguá, durante os da guerra civil. Trabalhou no Recife e viu a felicidade nas ruas com a vitória de Lula em 2002.
Passamos junto com ela momentos difíceis. Na pandemia me lembro dela chegar no escritório após ida a Berlim e decretar: tempos difíceis virão; compra álcool gel, luvas e máscaras... e nós: como assim? Uma semana depois estávamos em casa. Tivemos seu cuidado com a equipe ao oferecer a possibilidade de acompanhamento para tratar a saúde mental, inclusive estendido a alguns parceiros.
Lançamos materiais importantes, como atlas, livros, fizemos diversas lives e eventos, todo o trabalho dando destaque para se colocar no debate público como uma organização que promove os direitos humanos e a democracia. Essa que sofreu diversos ataques ao longo dos últimos 4 anos.
E por falar nisso... O Brasil elegeu Bolsonaro. Estávamos atônitos. Mas me recordo que em fevereiro de 2022 quando estávamos elaborando nosso programa trienal, Annette falou: vamos planejar o futuro num cenário de esperança para a democracia brasileira. Muitos dos parceiros nos disseram que estávamos muito otimistas, já que as certezas tinham sido jogadas fora. Mas não a esperança no povo brasileiro.
Navegamos juntos em 4 anos de muito trabalho, angústias e esperança também. Mas como trabalhar pelos direitos tendo no país um governo autoritário? Não foi fácil, mas fizemos com elegância, característica marcante de Annette.
Ela conhece a fundação profundamente e suas regras infindáveis. Essa parte certamente não terá saudade. Quando ouvir a palavra indicadores, BMZ, pergunta guia... vai correr. Sabemos!
Recebi muitas manifestações dos parceiros que não puderam estar aqui nesse momento. humm... mas ela já vai? Passou muito rápido... ah, manda um beijo, poxa ajudou tanto, foi sempre parceira.
À equipe pedi que me enviassem uma frase:
Obrigada por sua dedicação em todos esses anos, e que seu novo ciclo seja mais tranquilo, cheio de amor, sucesso e com feijão preto.
Por trás dessa elegância existe uma grande chefe!
Sua trajetória é inspiradora e seu descanso, merecidíssimo.
A gentileza com os parceiros reforçou a identidade da Fundação
A rebeldia nos ajudou a pensar fora da caixa
Criatividade para lidar com a burocracia deu energia para as nossas ações
Você conseguiu fazer um trabalho com impacto num período no qual era difícil ter esperança e força
Desejamos a você uma nova fase de realizações e momentos especiais.
Mas Celina, sua netinha independente, te espera, teus amigos e amigas em Berlim, família e desafios... porque a vida é feita disso.
Vamos lembrar de você com carinho e respeito.
Obrigada, Annette.