Em junho de 2017, a Comunidade Catalisadoras (ComCat) iniciou o levantamento de 111 iniciativas e propostas comunitárias, na Região Metropolitana do Rio, que fortalecem a resiliência social e a sustentabilidade ambiental local. Agora, a ComCat disponibiliza o saldo deste trabalho, realizado com o apoio da Fundação Heinrich Böll Brasil.
São três os resultados: a Planilha de Contatos dos membros da Rede Favela Sustentável, o Mapa da Rede Favela Sustentável e o extensivo Relatório Final com todo o processo do trabalho e os resultados oriundos da análise dos dados. A Comunidades Catalisadoras (ComCat) iniciou seu trabalho na Rio+20, em 2012, quando produziu o vídeo premiado “Favela Como Modelo Sustentável”.
Clique aqui para ler o relatório completo.
Clique aqui para navegar o mapa.
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INTRODUÇÃO
Partindo do fato de que a cidade do Rio de Janeiro possui 1000 favelas e que cada uma representa uma experiência única–desenvolvida organicamente, sendo o lar de 24% da população–a ComCat concebe as favelas como, simplesmente: bairros de moradias acessíveis que se auto desenvolvem, pois surgem de uma necessidade por habitação que não é atendida. Favelas não são, então, intrinsicamente um problema. São em sua raiz uma solução. Consequentemente, a história de 120 anos de negligência pública com respeito às favelas e, subsequentemente o auto-desenvolvimento que surgiu, resultaram em uma ampla diversidade de repercussões, entre elas grandes desafios e também grandes qualidades.
Ao longo dos anos a ComCat tem identificado uma grande quantidade de qualidades urbanísticas sustentáveis nas favelas da cidade, hoje em dia sendo promovidas em grandes centros urbanos do mundo, sendo elas: moradia a preços acessíveis em áreas centrais, densidade que promove e possibilita a prestação de serviços públicos sem a demasiada verticalidade que estimula o isolamento; bairros voltados ao pedestre, alto uso de bicicletas e transporte público; “uso misto” residencial e comercial; moradia próxima ao trabalho; arquitetura flexível; alto grau de ação coletiva em relação a bairros formais; redes intrincadas de solidariedade; alto grau de produção cultural e espaço facilitador de empreendedorismo.
Além disso, dentro das favelas existem inúmeros projetos comunitários onde os moradores enfrentam os mais variados desafios, tais como: saneamento, creche, alfabetização, apoio ao idoso, arte, literatura, esporte, mobilização, casa de sopa, nutrição, higiene, dança, e por aí vai. Todos estes projetos trabalham com um processo de conscientização dos moradores beneficiados e atuam frente a ausência de investimento público.
Por tudo isso, sentimos que está na hora de fomentar um movimento em rede que valorize e una os ativos das favelas, no caminho do desenvolvimento sustentável com total respeito ao saber local.
Nossa primeira iniciativa foi formar a Rede Favela Sustentável e gerar um mapa onde essas iniciativas possam estar visíveis, com suas informações e contatos acessíveis.
Para isso fizemos inúmeras chamadas na nossa rede, e de julho a novembro de 2017 tivemos 158 inscritos na Rede Favela Sustentável (RFS), dos quais 111 iniciativas já estão no Mapa da Rede Favela Sustentável.
Além disso, publicamos uma série de perfis de projetos mapeados no nosso site de notícias bilingue RioOnWatch. Veja todos os perfis publicados aqui.
Objetivos da Rede Favela Sustentável
Resultados Principais das Iniciativas Mapeadas
O gráfico abaixo oferece um resumo completo do número de iniciativas atuantes em cada área de resiliência, e uma sensação das áreas mais frequentes de atuação local.
Resultados Principais das Comunidades Mapeadas
Perguntamos quais das seguintes ‘chaves de resistência’ (baseado em metodologia desenvolvida pela ComCat a partir de estudos de casos de resistência à remoção bem-sucedidos no Rio pré-Olímpico) as lideranças consideravam fortes nas 55 comunidades. Os três mais fortes foram comunicação, dedicação de lideranças e união entre moradores. O que mais falta é defesa jurídica e acesso à informação:
Um Movimento Insurgente
“A partir da realização do levantamento e mapeamento contido neste relatório, um fato fica claro: existe sim um fenômeno muito claro de interesse e dedicação por parte de moradores de favela para resolução de desafios socioambientais. E não só isso, mas a natureza da conexão inerente do social ao ambiental está clara nas respostas que recebemos. Percebemos ao longo da pesquisa que, apesar de iniciativas poderem ser inscritas, sendo da área de ‘sustentabilidade ambiental’ ou ‘resiliência social,’ basicamente todos os projetos preencheram ambos os campos percebendo a ligação imediata e direta entre os dois tópicos. Para os inscritos na Rede Favela Sustentável, o meio ambiente em que moram e a resiliência social formam partes integrantes do ecossistema da vida na favela.”
Próximos Passos:
- Mapeamento (apresentado neste relatório de 2017 e atualizado anualmente)
- Perfis e documentação das iniciativas no RioOnWatch (2017-)
- Intercâmbios (intensivo e holístico) da Rede Favela Sustentável (em 2018)
- Desenvolvimento de ‘medida da favela sustentável’ (2018-2019)
- Treinamentos estratégicos para fortalecer a Rede e seus membros (2018-)
- Fomento de projetos coletivos entre integrantes da Rede (2019-)
- Advocacy em prol do movimento de sustentabilidade e resiliência das favelas cariocas (2019-)
O mapeamento continua aberto para atualizações regulares. Saiba mais aqui.