Trabalho, corpo e vida das mulheres

Esta publicação tem como objetivo apontar desafios para a elaboração e ação feministas frente ao atual modelo de desenvolvimento. A reflexão proposta procura ir além da identificação dos impactos negativos que o atual modelo produz na vida das mulheres, buscando demonstrar como este recorre à sua dimensão patriarcal como um mecanismo para seu fortalecimento.

Organizamos o texto a partir de três blocos principais, tendo como referências a economia feminista e os acúmulos da crítica feminista à mercantilização do corpo e da vida das mulheres. Assim, o primeiro bloco reúne elementos de uma perspectiva feminista sobre os processos de desenvolvimento, o segundo apresenta um olhar sobre o avanço do capital sobre os territórios, a partir da mineração e da construção de hidrelétricas, e o terceiro bloco busca atualizar o debate sobre mercantilização do
corpo, tendo como foco a prostituição.

As reflexões sobre a prostituição que apresentamos neste texto são complementares à cartilha publicada pela SOF em 2013. Buscamos, aqui, explicitar os vínculos da prostituição com as grandes obras e revelar os circuitos estabelecidos da prostituição, particularmente o turismo sexual, evidenciado no contexto da Copa do Mundo no Brasil.

No processo de reflexão e elaboração desta publicação, além da revisão bibliográfica sobre os temas, a SOF realizou entrevistas e oficinas em conjunto com organizações que tem atuado ativamente na resistência ao avanço do capital sobre os territórios e junto à mulheres em situação de prostituição. Entre 2013 e 2014, realizamos, em São Paulo, entrevistas coletivas com o Gmel e a Pastoral da Mulher Marginalizada, e com as mulheres do Movimento Atingidos por Barragens (MAB). Em Porteirinha, Minas Gerais, realizamos uma oficina com o Coletivo de Mulheres do Norte de Minas para aprofundar a reflexão sobre a mineração. Em Altamira, no Pará, realizamos junto ao MAB uma oficina com as mulheres sobre as transformações que a construção de Belo Monte está produzindo naquela região. Além disso, este processo de elaboração foi marcado por uma série de atividades de formação e mobilizações da Marcha Mundial das Mulheres em torno da questão da prostituição. Agradecemos a todas as mulheres que contribuíram com esse processo de reflexão coletiva.

Detalhes da publicação
Data da publicação
Dezembro 2014
Editor/a
Sempreviva Organização Feminista, Fundação Heinrich Böll
Número de páginas
42
Licença
Idioma da publicação
Português
Índice

Apresentação 3

Contribuições da economia feminista 5
Desenvolvimento e desigualdade
Divisão sexual e internacional do trabalho no neoliberalismo
Questionar o sentido do desenvolvimento
Propostas da economia feminista: a sustentabilidade da vida

O avanço do capital sobre os territórios 11
A mineração no Brasil
Do Consenso de Washington ao Consenso das Commodities
A reorganização dos territórios
Em defesa da água, as mulheres resistem ao avanço da mineração
no Norte de Minas Gerais
A mineração e a vida das mulheres
As mulheres atingidas por barragens

A mercantilização do corpo e da vida das mulheres 23
Prostituição no contexto das grandes obras
Prostituição em Altamira
Tráfico de mulheres
Turismo sexual
A prostituição como parte do turismo de negócios em São Paulo
A “economia” da prostituição – o circuito da prostituição no
Rio de Janeiro e em São Paulo
O turismo sexual do contexto da Copa do Mundo
O argumento da “racionalidade econômica” para naturalizar a prostituição
A atualidade do debate sobre a prostituição no Brasil
O acesso dos homens aos corpos das mullheres

Alinhavando reflexões para seguir o debate 3