Para que serve uma Copa do Mundo? Os preparativos para a realização de mundial da Fifa se dão da mesma forma em países em desenvolvimento e em desenvolvidos? Violações de direitos acontecem da mesma forma nos diferentes países? Essas são algumas perguntas que o livro “Copa para quem e para quê? Um olhar sobre os legados dos mundiais no Brasil, África do Sul e Alemanha” responde. A publicação, organizada pela Fundação Heinrich Böll, será lançada no dia 28 de abril, durante a II Conferência Internacional Megaeventos e Cidades, no Rio de Janeiro.
O evento de lançamento contará com a presença de Niren Tolsi, jornalista do Times Media Group - South Africa; Thomas Fatheuer, consultor da Fundação Heinrich Böll em Berlim; Laura Burocco, doutoranda da Escola de Comunicação da UFRJ e Renato Cosentino, jornalista da organização de direitos humanos Justiça Global.
O livro faz um retrato dos processos para a realização das Copas da África do Sul e Alemanha e que envolvem, no caso do Brasil, seus preparativos, mostrando como as ações da Fifa, dos governos e das empresas patrocinadoras mercantilizam cada vez mais os espaços públicos usando a justificativa de benefícios futuros para as populações dos países que recebem um megaevento.
De acordo com as análises, na Alemanha o legado sem dúvida está ligado ao ganho simbólico dos alemães com o chamado “verão de contos de fadas,” período dos jogos no País. Já que a Copa apresentou ao mundo um povo alemão festivo e amigável. O legado da África do Sul também é descrito por alguns como uma mudança na imagem do País, mas o que se destaca eram as violações de direitos. Um dos exemplos foi o aumento considerável de remoções forcadas para áreas “provisórias” de moradia, como em Blikkiesdorp, Cidade do Cabo, nas quais inúmeras famílias permanecem até hoje vivendo em condições precárias, sem segurança e em casas de zinco que ultrapassam os 40 graus no verão. A expulsão de moradores das suas casas é uma das semelhanças do caso do Brasil com o da África. Segundo estimativas dos comitês populares da copa, 250 mil pessoas sofrem ou estão em processo de remoção no Brasil por conta dos megaeventos, ou seja, há uma espécie de higienização social para que cada vez mais as cidades sejam vistas como território de investimentos. E na maioria dos casos, os processos de remoções desrespeitam normas internacionais, como a necessidade de notificação em tempo hábil, a participação dos atingidos nas discussões sobre os despejos, indenizações adequadas ou moradias equivalentes, e sempre que possíveis, alocações próximas das antigas casas. O livro também aborda outros temas que são semelhantes ao Brasil e África, como endividamento público para a construção dos estádios, por exemplo, e regimes exceção, o que ocorreu nas prisões arbitrárias durante a Copa das Confederações.
Sobre a perspectiva comparativa das Copas no Brasil, África do Sul e Alemanha, Marilene de Paula, coordenadora da área de direitos humanos da Fundação Heinrich Böll e uma das organizadoras da publicação, conclui que: “A conta em termos sociais sempre será menor para aqueles países que possuem reais mecanismos de controle social e uma sociedade civil atuante, cobrando ações efetivas do estado”.
Assinam os artigos: Christian Russau, jornalista alemão e ativista de direitos humanos; Laura Burocco, pesquisadora em políticas urbanas e desenvolvimento, doutoranda ECO/UFRJ; e do Brasil, Glaucia Marinho, Mario Campagnani e Renato Cosentino, jornalistas da Justiça Global e integrantes do Comitê Popular da Copa do Rio e da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop). Dawid Bartelt, diretor da Fundação no Brasil e Marilene de Paula organizaram a publicação.
Serviço:
II Conferência Internacional Megaeventos e Cidades
Lançamento “Copa para quem e para quê? Um olhar sobre os legados dos mundiais no Brasil, África do Sul e Alemanha
Clube de Engenharia: Av. Rio Branco, n. 124. Sala 1, 18° andar. Centro. Rio de Janeiro.
28 de abril, 13 às 16h
Informações: info@br.boell.org / http://www.br.boell.org
Sobre a II Conferência: http://megaeventos.ettern.ippur.ufrj.br/pt-br