Fifa é candidata ao Public Eye Awards conhecido como “Prêmio da vergonha”

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“A Copa do Mundo da Fifa contribui para a violação de vários direitos humanos tais como o direito à moradia adequada, o direito à liberdade de movimento, o direito ao trabalho...” Assim começa o texto que justifica a indicação da Fifa para o Public Eye Awards, premiação anual que expõe a prática de negócios considerados negligentes e promove uma plataforma para criticar publicamente casos de violações de direitos humanos como trabalhistas, destruição ambiental ou corrupção. A votação popular está aberta na internet até 22 de janeiro e o resultado será anunciado durante uma conferência de imprensa no dia 23, em Davos, Suíça.

Mais de 200.000 pessoas de todo o mundo já votaram. A Fifa está em segundo lugar com mais de 46.000 votos. A liderança é da multinacional Gazprom, primeira empresa a instalar uma plataforma de extração de petróleo no Ártico russo. Outras seis empresas disputam o prêmio.

A candidatura da Fifa foi proposta pela Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop), rede brasileira que reúne 12 comitês locais das cidades sede. Os comitês populares denunciam que milhares de pessoas sofreram remoções forçadas de suas casas devido às obras relacionadas ao mundial. Em Recife, em 2013, mais de 2 mil famílias da comunidade Coque perderam as moradias, de acordo com dados do comitê. Outra fonte de crítica é as zonas de exclusão, impostas pela Fifa, que ocuparão um raio de dois quilômetros dos estádios. Nessas áreas o movimento das pessoas e a venda de produtos serão controlados, prejudicando os trabalhadores informais. A empresa nega qualquer conexão com violação de direitos humanos.

De acordo com o site do Public Eye Awards, em 2012, A Fifa declarou um lucro líquido de 89 milhões de dólares e reservas financeiras de 1,378 bilhões de dólares. Mas oficialmente a empresa é uma organização sem fins lucrativos, isenta do pagamento de impostos. Com a Copa no Brasil, essa isenção privará o país de pelo menos 1 bilhão de reais, mais de 400 milhões de dólares, segundo as informações da Ancop.

A empresa também esteve envolvida em vários casos de corrupção. Em abril de 2013, um relatório do Comitê de Ética da própria Fifa afirmou que João Havelange, então presidente da organização, teria recebido milhões de dólares entre 1992 e 2000 da ISL, empresa de marketing ligada à entidade, em propinas relacionados a venda de direito de transmissões da Copa do Mundo.

Sobre o prêmio
O prêmio Public Eye Awards foi criado em 2005 e já concedeu a 21 corporações os chamados “prêmios da vergonha”. Além do Prêmio do Público, com votação popular, há também o Prêmio do Júri, compostos por especialistas em ética empresarial, meio ambiente e direitos humanos. Em 2013 o público elegeu a Shell e no ano anterior a Vale, empresa brasileira.

A data e o local do Public Eye Awards são os mesmos da reunião anual do Fórum Econômico Mundial de Davos porque frequentemente alguns dos participantes do Fórum coincidem com os indicados ao prêmio. De acordo com o site da premiação, o “Public Eye Awards relembra ao mundo corporativo que as consequências sociais e ambientais das suas práticas de negócios afetam não apenas as pessoas e ao meio ambiente, mas também a reputação da empresa.”

Clique aqui para participar da votação do Public Eye Awards

Os impactos dos Megaeventos no Brasil é um dos temas principais da Fundação Heinrich Böll, assim a organização apoia a Ancop e parceiros como a Justiça Global que desenvolvem ações pela defesa de direitos.