Entre os dias 20 e 21 de setembro, 120 pessoas reuniram-se em Salvador (BA) no seminário “Copa 2014 – O que as mulheres tem a ver com isso?,” promovido pelo Instituto Odara, Esplar e Comitê Popular da Copa de Salvador com o apoio da Fundação Heinrich Böll, Fundo Brasil de Direitos Humanos e Coordenadoria Ecumênica de Serviços (CESE).
O seminário foi um desdobramento da iniciativa do Esplar e Fundação Heinrich Böll de discutir e buscar soluções para o contexto de acirramento das desigualdades e violações de direitos que as mulheres sofrem no contexto da Copa do Mundo. Com a justificativa da realização do grande evento, as cidades têm sofrido muitas modificações que impactam na vida dos moradores, em especial das mulheres. A Copa do Mundo também atrairá inúmeros turistas, o que implica em previsões de aumento da exploração sexual no País. Neste sentido, o Esplar produziu, com o apoio da Fundação, o Informativo e vídeo “Copa 2014 –O que as mulheres tem a ver com isso?”
Durante o seminário, os participantes discutiram três focos temáticos relacionados às mulheres: A Copa e a discriminação sociorracial; A copa e a exploração sexual; e A geração de trabalho e renda no contexto da Copa. Um dos principais encaminhamentos relacionados às discussões foi o da inclusão de uma perspectiva de gênero nas discussões sobre as violações de direitos no contexto da Copa. Os representantes dos comitês populares da Copa de todas as cidades sede se comprometeram a levar essa questão para seus grupos, buscando incluir esses temas nas ações. “A Copa não vai deixar legado, mas é um momento de denunciar e, fortalecer a luta de questões antigas,” afirmou Gisele Tanaka do Comitê Popular da Copa do Rio de Janeiro.
Um dos casos relatados de violação de direitos foi o das prostitutas da rua Guaicurus, em Belo Horizonte (MG). As mulheres, antes bastante otimistas com a realização da Copa por acreditarem que seriam beneficiadas, hoje estão ameaçadas de remoção pelos projetos de revitalização da área. Ainda nesse âmbito, foi consenso que é preciso diferenciar prostituição, exploração sexual e tráfico de pessoas. Além de fazer essa diferenciação, é necessário promover debates sobre essas questões relacionadas ao contexto dos megaeventos, segundo os participantes. O Seminário foi encerrado com um documento final que será divulgado em breve.
Os integrantes dos comitês populares da Copa de outras cidades também visitaram a comunidade de Saramandaia ameaçada de remoção pela obra da Linha Viva, um megaemprendimento de construção de uma via expressa que irá remover cerca de 3.000 pessoas. A Linha Viva, de quase 18km, vai ligar o Acesso Norte, na BR-324 à BA-524 e terá 20 praças de pedágio.
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