A biologia sintética aparece em dois dos documentos de trabalho que estão sendo discutidos pelas delegações dos países-partes da CDB em Nagoya: o de agrocombustíveis e biodiversidade e o de ABS (Acesso e Repartição de Benefícios, na sigla em inglês). Há ainda a chance de ela entrar no texto de New and Emerging Issues (Temas Emergentes).
A biologia sintética é um tema relativamente novo e vem sendo estudado para ser aplicada principalmente na produção de agrocombustíveis e na indústria farmacêutica. A ONG canadence ETC Group alerta para os perigos desta tecnologia, que se propõe a construir partes, redesenhar sistemas biológicos que não existem no mundo natural, ou ainda redesenhar esses sistemas para realizar novas funções.
Os riscos que ela representa podem ser tão ou mais extremos do que os da engenharia genética, e seus impactos sobre os ecossistemas, caso essas novas formas de vida sintética escapem dos laboratórios, tendem a ser devastadores em questão de minutos. Além disso, o ETC Group alerta ainda para outros efeitos “colaterais” do investimento em biologia sintética, como o aumento da demanda por terra, biomassa, água e recursos naturais de uma maneira geral. Também acabaria por incentivar a biopirataria, e potencializaria a criação de armas biológicas.
Projetos de geoengenahria, como vulcões artificiais, esquemas de pulverização de nuvens com água do mar e a fertilização de oceanos como formas de combater o aquecimento global também são de grande preocupação. Para os críticos dessa tecnologia, ela apenas cria mais um problema incapaz de ser manejado e que representa grandes riscos para o planeta, uma vez que seus impactos sobre a natureza não podem ser previstos.
Além disso, por se tratar de uma tecnologia que vem sendo desenvolvida com o apoio de grandes empresas transnacionais, ela é vista como mais uma forma de se obter grandes lucros às custas do temor da população mundial com relação às mudanças climáticas.
Em Nagoya, a delegação de alguns países, como Filipinas, Jamaica, o grupo da África e a Bolívia, têm feito pressão para que se aplique o Princípio da Precaução não só sobre projetos de fertilização dos oceanos, mas sobre todos os outros que vêm sendo estudados por grupos de cientistas principalmente nos países do Norte. Felizmente, esta tecnologia específica não tem recebido o apoio declarado de nenhum país presente na COP até agora.
Os impactos da manipulação da natureza em grande escala sob essas duas formas de tecnologia não são conhecidos e podem representar um alto risco à biodiversidade. Por conta disso, a ONU tem afirmado que ambas as questões serão tratadas no próximo relatório do painel do clima, em 2013.
Para mais informações sobre biologia sintética e os riscos que ela representa, acesse o site do ETC Group (em inglês) que traz diversos estudos e relatórios sobre o tema.
Leia também o briefing sobre biologia sintética (em inglês) feito pela organização e entregue às delegações de países presentes na COP 10.
Para mais informações sobre geoengenharia, consulte a publicação Geoengenharia – Aposta arriscada contra a crise climática, do Centro Ecológico Ipê, disponível para download no nosso site.