Livro “Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014” será lançado em 22 de março, às 18h

Convite virtual - Lançamento do livro "Religião e Política"

No dia 22 de março, quarta-feira, às 18h, será lançado o livro “Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014”. A publicação registra um amplo estudo sobre as eleições 2014, estabelecendo como eixo as candidaturas de Pastor Everaldo (PSC) a presidente, além de Marcelo Crivella (PRB) e Anthony Garotinho (PP) a governador do Rio de Janeiro. O estudo foi desenvolvido pelo Instituto de Estudos da Religião (ISER) em parceria com a Fundação Heinrich Böll (HBS). O objetivo principal da pesquisa é detectar quais são os projetos políticos estabelecidos, especialmente, por determinados agrupamentos religiosos evangélicos.

O lançamento do livro será no Instituto de Estudos da Religião (ISER) – R. do Rússel, 76, 2º andar. Na mesa, estará uma das autoras, Christina Vital, antropóloga da Universidade Federal Fluminense (UFF), o pastor Henrique Vieira, cientista social e ativista, Raquel Sant’Ana, também antropóloga da UFF, e Ronaldo Almeida, antropólogo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Pedro Strozenberg, pesquisador do ISER, será o mediador. Marilene de Paula, coordenadora de Projetos da Fundação Heinrich Böll (HBS), vai fazer a fala de abertura.

O livro também teve, como autores, os pesquisadores Paulo Victor Leite Lopes e Janayna Lui. A publicação é uma espécie de continuidade de uma obra anterior desenvolvida pelas mesmas organizações, de nome “Religião e Política. Uma análise da atuação de parlamentares evangélicos sobre direitos das mulheres e de LGBTs no Brasil”. Registra, também, dois artigos de Magali do Nascimento Cunha e Tatiane dos Santos Duarte. A entrada do evento é gratuita.

O trabalho dos autores
Nesta publicação, os autores procuraram analisar a primeira candidatura confessional evangélica à Presidência da República, a do Pastor Everaldo (PSC). Para eles, esta candidatura seria um marco na relação dos evangélicos com a política. Até pouco tempo, algumas lideranças evangélicas apresentavam como estratégia a manutenção de sua força nos legislativos estaduais e federal. Demonstravam limites quanto à possibilidade de concorrer a eleições majoritárias. Em 2014, esse cenário teria se modificado, provocando especulações, apostas e temores.

Na obra, os autores discutem também duas candidaturas ao governo do estado do Rio de Janeiro, as de Anthony Garotinho (PR) e Marcelo Crivella (PRB). Nesses casos, eles consideram que, embora não se tratassem de candidaturas estritamente confessionais, o elemento religioso teria sido central na disputa. Pelos adversários destes candidatos, a identidade religiosa teria sido usada para amplificar o medo em relação a algumas candidaturas “acusadas” de evangélicas e sectárias. E pelos candidatos, ela teria sido usada para conquistar apoio de personalidades do segmento religioso. Ao longo da publicação, buscou-se analisar diferentes estratégias de poder utilizadas nessas campanhas, e identificar como elas visavam afetar a vida cotidiana de religiosos e não religiosos no Brasil.

Quais foram as alianças feitas em torno dessas candidaturas, e com que perfil? Quais foram os temas-chave e o núcleo central do programa de governo desses candidatos? Quais as bases de apoio e mobilização que se formaram em torno dessas candidaturas? Estas são apenas algumas perguntas que a investigação tentou responder.

A campanha do Pastor Everaldo enfatizava, segundo a avaliação dos autores, um governo não só para os evangélicos, mas para todos, uma vez que defendia a família e a vida. Para eles, o discurso de Everaldo podia, às vezes, ter bases bíblicas, mas era predominantemente marcada por valores tradicionais. O pastor parecia afirmar, assim, a força, a naturalização, a legitimação de um modelo, de uma ordem social que não deveria ser vista como religiosa, mas sim como tradicional.

No Rio de Janeiro, as zonas cinzentas seriam ainda mais comuns, na opinião dos autores. Marcelo Crivella parecia sublinhar sua condição de bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus. Afirmava que não queria saber de religião, e que não a privilegiava sobre as questões sociais. Segundo ele, eram seus interlocutores que não paravam de falar de religião. Por outro lado, para os evangélicos que se aproximavam dele nas ruas em campanha, pedia: “orem por mim”. Com Garotinho, os questionamentos públicos giravam em torno de uma dupla desconfiança: moral e administrativa – dado o seu envolvimento em escândalos de corrupção no estado – e exclusivista religiosa – pelo seu pertencimento a uma igreja protestante.

Neste livro, portanto, os autores têm como objetivo recuperar detalhes das eleições 2014 a fim de refletir sobre comportamentos públicos de evangélicos no Brasil hoje – ações extremistas, conservadoras e progressistas; seu lugar como ator político, de “ovelhas” a players; e o lugar relativo que a religião e a tradição ocupam no debate público. Buscou-se olhar a eleição à luz das questões que tomaram a agenda pública desde a reeleição de Dilma Rousseff à Presidência da República e a culminância que tal processo atingiu com seu afastamento do cargo em maio de 2016. Desse modo, procurou-se refletir sobre o contexto tão turbulento e complexo que se desenrolou das eleições até o período mais recente.

Mais informações:
Leandro Uchoas – leandro.uchoas@br.boell.org
Karina Merencio –  karina.merencio@br.boell.org 
Fundação Heinrich Böll – info@br.boell.org
Tel: (21) 3221-9900