Prato cheio - um podcast com reflexões e informações sobre os bastidores da alimentação

O Brasil é visto como um país no qual há abundancia de recursos e diversidade na produção de alimentos. Com tamanho continental contamos com diferentes biomas dos quais há frutas típicas, cultivos de hortaliças, pecuária, tudo isso estimulado pelo agronegócio. Mas ao contrário do que a animada propaganda do "Agro é Pop - Agro é tudo" apresenta, as coisas não vão bem para a maior parte da população brasileira. Há um aumento significativo da pobreza no País fazendo com que o Brasil possa voltar ao Mapa da Fome, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). A má nutrição atinge famintos e obesos, no país mais de 50% da população tem sobrepeso, segundo pesquisa realizada em 2019 pelo Ministério da Saúde.  Este aumento de sobrepeso e empobrecimento da população podem ser conectados com o consumo dos chamados ultraprocessados, alimentos industrializados basicamente compostos de sal, gordura e açúcar. Trata-se, por exemplo, do biscoito que remete ao feito pela avó, mas que na verdade não nutre e é bem barato. Os elos que unem temas como esses são os assuntos do podcast Prato Cheio produzido pelo site jornalístico Joio e o Trigo. O Joio é um projeto de jornalismo investigativo pioneiro que entende que comer é um ato político, já que a ação de escolher ou nossa falta de poder de decisão de como se alimentar tem profundas implicações sociais, econômicas e ambientais. O podcast está em sua primeira temporada e já lançou quatro episódios: "Parece comida, mas não é"; "Fome, uma coisa horrorosa", "Sai feijão, entra soja"; "Não era amor, era aditivo". O próximo episódio será lançado na próxima semana.

A Fundação Heinrich Böll apoia o projeto e conversou com um dos fundadores do site, o jornalista João Peres*.

Loja de biscoito fazem promoções de ultraprocessados
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Três achocolotados são vendidos a R$ 5,00 em lojas de biscoito no Rio de Janeiro

Prato cheio - um podcast com reflexões e informações sobre os bastidores da alimentação - Fundação Heinrich Böll Brasil

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Böll Brasil: Por que fazer jornalismo investigativo sobre alimentação?

João Peres: Entendíamos que o jornalismo brasileiro se ocupa do assunto de investigar corporações, mas se ocupa proporcionalmente menos do que na investigação do setor público. E a gente vê que uma coisa não está desconectada da outra: as políticas públicas, a corrupção, uma série de questões passam pela relação com o setor privado. Ao investigar o setor do tabaco, conhecemos uma organização chamada ACTPromoção da Saúde, que estava ampliando a sua atuação para a promoção da saúde, em geral. Então apresentamos um projeto para fazer uma apuração na área de alimentação, que era para ter durado seis meses, mas que acabou dando super certo.  Percebemos então que a partir da alimentação dá para falar de tantos assuntos.

A gente olha a alimentação desse jeito: é um caminho para conversar sobre outros assuntos, e não uma finalidade em si. E foi por isso que acabou rolando, não existia nenhum projeto que olhasse exclusivamente para a alimentação do ponto de vista de investigação, porque, claro, dá muito mais audiência falar sobre dietas da moda. Teve algo surpreendente que foi ver como a alimentação havia se tornado um problema gigantesco e transversal nas nossas vidas. Algo que era para ser a solução, que até pouco tempo não era um problema, se transformou em um fator de doenças, um fator de desigualdade social muito brutal, de desequilíbrio do papel do Estado, da definição de políticas públicas.

Böll Brasil: Vocês falam que este projeto é sobre comer como ato político. Por que comer é um ato político?

João Peres: É interessante que 99% das pessoas não pensa na comida como ato político enquanto come, mas independente de pensar nisso ou não, é sempre um ato político no sentido de o que a gente escolhe ou pode comer está marcado, atravessado, por uma série de questões: o tempo que as pessoas não têm para cozinhar quando moram em uma cidade como o Rio de Janeiro ou São Paulo; as relações trabalhistas que não permitem cozinhar ou não pagar o suficiente por uma boa comida; as relações de gênero que fazem que as tarefas domésticas recaiam sobre a mulher; o racismo, que cria uma desigualdade em várias esferas, entre elas a alimentar. Então tem uma implicação política muito forte. E a partir do momento que a gente passa a ter consciência dessa implicação política, passamos a buscar soluções, e quando não é possível buscar soluções individualmente, porque existem uma série de determinantes sociais da alimentação, isso cria consciência da necessidade de mudar todos esses outros aspectos, ou pelo menos se indignar de todos esses outros aspectos, para que o direito humano à alimentação adequada seja possível.

Böll Brasil: Qual é a definição de vocês para alimentos ultraprocessados?

João Peres: É uma boa pergunta. A gente usa produtos comestíveis ultraprocessados ou comida porcaria. Consideramos isso não como alimentos de fato, mas, via de regra, imitações de alimento. O problema é que eles vão substituindo os alimentos de verdade e, quando você se dá conta, você só encontra o ultraprocessado. Um exemplo disso é o iogurte. Já temos quefazer um esforço enorme para encontrar o produto de verdade. Outro são os biscoitos, que se parecem muito com aqueles biscoitos feitos de maneira caseiras ou de pequenas indústrias, mas quando você vai olhar os ingredientes não tem nada a ver com aqueles.

A questão dos ultraprocessados é uma enganação, quando a gente começa a conversar com as pessoas, você vê que de fato não existe uma consciência sobre o que são esses produtos. A propaganda vem construindo por décadas uma ideia de que esses produtos são como aqueles que a gente encontrava na casa da mãe ou da avó. Mas o que existe são fragmentos de commodities, de soja, milho, açúcar e trigo misturados com uma penca de aditivos e muitos óleos para tentar parecer um alimento.

Ele [os alimentos ultraprocessados] é uma marca central de um sistema alimentar que não faz nenhum sentido. Nos alimentamos de peixe que vem de 10 mil km de distância, de alimentos que poderiam ser feitos localmente. Esgotam-se recursos hídricos de uma região desértica para exportar abacate para os Estados Unidos. A Amazônia está sendo destruída para produzir soja e milho para alimentar animais na China e em outros lugares. Os ultraprocessados são a definição mais palpável desse sistema alimentar que não faz sentido, um sistema totalmente globalizado com as mesmas corporações tentando nos convencer a trocar nossa cultura alimentar por esses produtosconstruídos sob uma abstração total.

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Böll Brasil: Quando fizemos a versão brasileira do Atlas da Carne, deixamos claro que aquilo não era um manifesto pelo vegetarianismo, mas sim um incentivo para as pessoas entenderem a cadeia da carne e os impactos que ela causa. Como vocês enfrentam o dilema de não responsabilizar apenas o indivíduo, mostrando a complexidade sistêmica da indústria da alimentação e ao mesmo tempo produzir material de conscientização sobre esse assunto?

João Peres: Eu gosto de pensar na metáfora de que essas corporações são gigantes com os pés de barro. Ao mesmo tempo em que as empresas de ultraprocessados, agrotóxicos e varejo nunca foram tão poderosas, elas se estruturam sobre uma base muito frágil. Na nossa experiência, e na experiência de outras organizações, quando se começa a expor a maneira como opera o nosso sistema alimentar, as pessoas se mostram chocadas. E mudam ou tentam mudar. Pensam em mudar. Porque não querem ser parte de um sistema com tantos problemas ambientais, sociais, econômicos, trabalhistas. Já recebemos algumas vezes mensagens dizendo "vocês mudaram minha vida". E isso é muito bom.

Porque, se a gente ainda não tem força para produzir uma mudança sistêmica, pelo menos planta as sementes para isso. O acesso à informação não é o único fator que vai nos fazer destravar essa roda. Mas, sem ele, os outros fatores não conseguem caminhar. Então, a gente entende que o papel do Joio é esse. É um projeto pequeno, mas que tenta, dentro dessas limitações, propor uma mudança de paradigma. O podcast é um passo importante nessa caminhada. A oralidade é um elemento forte da nossa cultura. Da nossa cultura alimentar. Então, a gente quer usar esse elemento oral para ampliar os nossos espaços de diálogo e chegar a mais gente.

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Böll Brasil: Por que vocês escolheram o formato Podcast para o Prato Cheio?

João Peres: Já era uma vontade nossa há algum tempo fazer um podcast e sentimos que ao longo do ano passado, especialmente, o Joio ganhou musculatura. Fomos chamados para muitos eventos, muitos debates e o retorno qualitativo, por e-mails e redes sociais, era muito bom. Então sentimos o projeto mais forte, acumulando mais energia. A gente achava que migrar para outros formatos era fundamental porque muita gente não vai ler. Sabemos que com o texto nosso alcance fica limitado, e acho que os últimos dois ou três anos consolidaram isso, com a explosão do WhatsApp, e a migração de uma parte do público para o Instagram ficou cada vez mais difícil disseminar texto. Até as nossas redes sociais passaram a refletir isso, para que o Instagram seja um fim em si. A pessoa pode sair doInstagrampara ler um texto nosso ou ouvir um podcast, mas também tem momentos que a gente se rende e quer que o próprio Instagram funcione sozinho para certos fins.

O apoio da Fundação Heinrich Böll foi fundamental para nos forçar a sentar e fazer virar a história do podcast. Assim temos dois públicos: o que não é alfabetizado, então o áudio pode chegar a esse público, tanto que queremos com o tempo fazer parcerias com rádios comunitárias, dar uma adaptada no conteúdo e linguagem; e o outro é o público que pode ler, mas desistiu da leitura por n motivos.

O retorno dos primeiros episódios foi muito positivo. Gente agradecendo por não ter tempo de ler e acompanhar os textos, mas com o podcast eles podem ouvir enquanto lavam a louça, tomam banho. Tem essa característica do rádio, que sempre foi uma atividade que você faz junto com outras atividades.

Böll Brasil: Qual foi o maior aprendizado que vocês tiveram enquanto produziam esses episódios?

João Peres: Acho que foi encontrar um formato para o podcast. A gente tinha muita dúvida sobre como fazer, e uma coisa que descartamos logo de cara foi a possibilidade de fazer uma mesa redonda mais solto, que é mais barato e mais gostoso, mas a gente achava que o roteiro tinha que ser claro para as pessoas, no sentido que elas terminassem os episódios menos confusas. Isso é uma questão central do nosso momento alimentar no Brasil, as pessoas estão muito confusas sobre o que elas devem comer, e a ideia e um pouco desfazer essas confusões.

Böll Brasil: Nosso escritório da Fundação é vizinho de uma loja que vende todas as variedades de biscoitos, um tipo de comércio que, apesar da crise carioca, tem se proliferado. Eles estão com uma promoção de três ToddyinhosporR$ 5,00. Em um Brasil tão desigual, como falar para as pessoas evitarem esse tipo de produto?

João Peres: É superdifícil esse diálogo, porque a brecha de desigualdade só aumenta. Saiu um estudo da UFMG[Universidade Federal de Minas Gerais] demonstrando que os ultraprocessados estão cada vez mais baratos e a comida de verdade cada vez mais cara. Então não fica difícil entender que o miojo vai se tornar a comida do dia-a-dia das pessoas mais pobres, enquanto o arroz e feijão ficam mais caros, da mesma forma os legumes e as verduras. Também tem a questão do ambiente alimentar, que afeta a alimentação das pessoas. O alimento saudável deveria ser sempre mais barato edisponível, mas hoje em dia não temos essas opções nas grandes cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro. O metrô de São Paulo, por exemplo, pode ter umas 20 barraquinhas oferecendo pão de queijo a R$ 1,00  e uma barraca vendendo salada de frutas a R$ 7,00. A salada de frutas será comprada por uma pessoa, enquanto o pão de queijo será por várias, embora esse pão de queijo não seja verdadeiro: é um pó de pão de queijo que misturado a água vira uma gororoba que parece pão de queijo. Se não existem medidas coletivaspara entender que alimentação não é uma questão apenas de liberdade de escolha, mas de renda, de acesso e de informação, não teremos solução para isso.

A informação chega nas classes mais altas, e aí acontece algo próximo com o que aconteceu com o cigarro: a prevalência do tabagismo nas classes altas caiu rapidamente, enquanto nas classes baixas permaneceu mais resistente.A mesma coisa é com a comida, mas com a diferença que o cigarro você parou de fumar e acabou, mas a comida não. Alguma coisa precisa entrar nesse lugar, e o alimento que vem entrando é de péssima qualidade e que acarreta doenças. A gente vai ter daqui a 10 ou 20 anos um cenário muito brutal.

Böll Brasil: Durante os dois anos de existência do Joio, vocês conheceram  iniciativas que vão na contramão dessa indústria dos alimentos ultraprocessados?

João Peres: No ano passado publicamos uma série de reportagens sobre orgânicos na quebrada. Tem muitos projetos em São Paulo, mas também em outras cidades. Eu acho muito legal, porque lugares periféricos e a região metropolitana tem aquela tendência de tentar copiar os padrões de consumo da classe média. Então McDonalds, Subway ou Habib’s vão se instalar nesses locais, ou alguma coisa que tente imitar e fazer um produto mais barato que os oferecidos pelos  fast-foods. Acho muito legal quando chega um projeto quebrando essa lógica, tentando mostrar que ‘nós somos os mais atingidos por essa história’, então precisamos romper com uma série de valores muito arraigados, de associação entre o fast-food e o ultraprocessado e o status, o “eu posso comprar esse Toddyinho”, “eu posso comprar essa Coca-Cola”.

Böll Brasil: No segundo episódio do Prato Cheio, vocês descreveram a política de combate a fome dos governos Fernando Henrique Cardoso, Lula e Temer.  O que está acontecendo agora no governo Bolsonaro?

João Peres:Um desmonte absoluto das políticas já feitas. Todas as políticas feitas desde Itamar estão sendo destruídas com uma rapidez absurda, retomando um pouco a característica do governo Collor, mas com duas diferenças: uma é a velocidade ainda maior, e a outra é que está sendo destruídoo que tinha garantido que o Brasil saísse do Mapa da Fome, mesmo com algumas limitações. Mês passado publicamos uma série de reportagens chamada “Fome de Mentira”, que é justamente a tentativa de mapear todos os desmontes dessas estruturas, mas é impossível [mapear tudo], pois existem mudanças diretamente relacionadas à alimentação, como o fechamento do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, o CONSEA, o desmonte do programa de aquisição de alimentos, as tentativas de mexer na merenda escolar com o Programa Nacional de Alimentação Escolar, mas modificações que não tem a ver diretamente, como a reforma da previdência e a reforma trabalhista.

A alimentação também está relacionada com decisões do governo que tem a ver com economia, inserção social, a queda do número de beneficiários do bolsa família e do valor distribuído. Damares [Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos ] também falando que planejam em submeter os beneficiários [do Bolsa Família] a uma entrevista três vezes ao ano com o conselho tutelar. Eu tenho tentado olhar para o caso do México para tentar explicar o que vai acontecer no Brasil, pois eles passaram por uma mudança na década de 1990parecida com que a gente tem agora. É o único país da américa latina que não reduziu os índices de pobreza, que não teve crescimento da massa salarial, que os índices de doenças crônicas explodiram ao ponto de diabetes ser a maior causa de mortes hoje no México. Foi uma tragédiaa maneira que foi devastado o sistema agrícola a partir da retirada repentina de subsídios, que é o que está acontecendo aqui muito rápido, com a entrega da agricultura na mão do livre mercado, com o desmonte dos sistemas de abastecimento. Também noque diz respeito a estocagem de alimentos públicos estratégicos para distribuição para a população de baixa renda. Isso está sendo desmontado muito rápido. O estoque público de arroz está quase zerado, então, se acontecer outra greve dos caminhoneiros, teremos um grande problema. É difícil saber e entender tudo que está sendo feito, mas o impacto a gente já pode vislumbrar.

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Böll Brasil: Qual é a relação da pauta da alimentação com a desigualdade de gênero?

João Peres: Acho que é uma temática que expressa com muita clareza a desigualdade de gênero, a começar pelo acesso aos alimentos. Quando a gente pega os dados do IBGE, a gente vê que mulheres negras moradoras da periferia que não tem parceiro sofrem mais no ponto de vista da vulnerabilidade alimentar, por um monte de problemas: elas têm que criar todos os filhos sozinha, acabammuitas vezes destinadas a subempregos, têm que deslocar cinco horas pela cidade. Além de cuidar das tarefas domésticas e ainda terem uma renda mais baixa, sendo muitas vezes a única da casa.

Historicamente temos a relação da mulher com a cozinha, então tomamos cuidado quando falamos que “precisamos cozinhar”. Precisamos coletivamente e discutindo a questão de gênero. A promessa da indústria de alimentos e de outras indústriasde que as tecnologias resolveriam o problema do machismo não se cumpriu. O botão do microondas não resolveu o problema do machismo, muito menos o congelado da Sadia. As questões continuam: é a mulher que lava a louça e vai no mercado escolher os alimentos.

Acho que tem algumas pessoas que colocam essa questão em evidência. Se pensar em macro influenciadoras, a Paola Carosella fala bastante sobre isso, a Rita Lobo também, mas existem outras iniciativas legais como a da Talita Flor,que mora emNiterói, é cozinheira vegana e moradora de uma comunidade. A história da Talita explicita dois problemas: o primeiro é a desigualdade no acesso a vegetais de qualidade por uma moradora periférica e a outra é ser uma mulher negra em um espaço territorial muito desigual.

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*João Peres é jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). É autor de "Corumbiara, caso enterrado", único livro-reportagem sobre o massacre ocorrido em 1995 em Rondônia, e de “Roucos e sufocados: a indústria do cigarro está viva, e matando”. Foi editor e repórter da Rede Brasil Atual entre abril de 2009 e novembro de 2014, após passagens pelas rádios Jovem Pan AM e BandNews FM. Cobriu eleições, consultas populares e momentos de crise no Brasil, na Argentina, na Venezuela, na Colômbia e na Bolívia.

Colaborou: Cleyton Lima