Heinrich Böll

“Envolver-se é a única forma de enfrentar a realidade.”
“Um direito que não é usado, morre. Liberdade que não é usada, fenece.”

Heinrich Böll nasceu em Colônia, na Alemanha, em dezembro de 1917. É autor de romances, contos, poesias e peças teatrais. Foi um dos maiores escritores alemães do século XX, e ganhou o Prêmio Nobel da Literatura em 1972, e o Prêmio Büchner em 1967. Sua obra foi traduzida para mais de 40 idiomas. Ficcionista e ensaísta com importante atuação política, durante sua vida deixou uma vasta obra, cuja tônica é a luta contra a omissão, a injustiça e a opressão. Durante a década de 1930, Böll se recusou a participar da Juventude Hitlerista.

O engajamento na luta política e a coragem marcaram sua vida e obra. Defensor dos direitos humanos, era antimilitarista convicto e um dos primeiros ativistas em defesa do meio ambiente. Até pouco antes de sua morte, participava ativamente de manifestações antinucleares. Böll foi presidente durante vários mandatos consecutivos do PEN Clube Internacional, a associação mundial de escritores e mais antiga organização de direitos humanos. O escritor faleceu em 1985, em Kreuzau, na Alemanha.

Temas de suas obras

A intenção de Heinrich Böll foi desenhar uma imagem da sociedade contemporânea. Suas obras abordavam os problemas e desafios que a sociedade alemã enfrentava nas épocas em que foram escritas. Porém muitos livros ainda têm um grande significado hoje. Os seus contos e romances sempre tiveram um vínculo com o mundo político e social, e Böll acompanhava vários eventos marcantes da história alemã, como a ascensão do nazismo, a Segunda Guerra Mundial, o pós-guerra, a crise da democracia nos anos 1960-1970, a época do terrorismo alemão e o movimento ecológico e anti-nuclear nos anos 1980. Böll usou uma linguagem forte, criticando problemas sociais, e muitas vezes causando polêmicas e aversões em adversários como a Igreja Católica.

Relação com a Igreja

Mesmo sendo católico, Böll criticava muito a igreja. Em várias obras apontou a hipocrisia e o conservadorismo da igreja. Sobretudo na peça “Ansichten eines Clowns” (Pontos de Vista de um Palhaço), que o escritório brasileiro da Fundação encena no Rio de Janeiro em comemoração ao centenário do escritor. Ele criticou principalmente a conexão da igreja com partidos políticos, e a colaboração com os nazistas. Apesar disso, ele era um cristão fiel, pois símbolos religiosos podem ser encontrados em todas as suas obras. Contrariando as igrejas ele acreditava na religiosidade fora das instituições religiosas, criando heróis que representam valores cristãos, mesmo não pertencendo a qualquer igreja. Afinal, suas diferenças com a Igreja Católica foram tão fortes que, em 1976, ele acabou saindo dela oficialmente, mesmo sem ter perdido sua fé.

Polêmicas

Apesar das polêmicas causadas por conta de suas críticas à Igreja, Böll teve um conflito grave com a editora conservadora Axel Springer. O escritor criticava as práticas sensacionalistas e desumanas da revista boulevard “Bild-Zeitung” que, em sua opinião, fortaleceram a radicalização do conflito ligado ao terrorismo da esquerda nos anos 1970. Nesse contexto, Böll lançou o livro “Die verlorene Ehre der Katharina Blum” (A honra perdida da Katharina Blum), escrito como um panfleto contra o tipo de jornalismo que a Springer praticava. Ele se sentia vítima de uma campanha da mídia, que lhe definia como um colaborador de terroristas. Em seguida, Böll foi até investigado pela polícia e, em busca de terroristas, sua casa foi revistada. No mesmo ano, ainda ganhou o prêmio Nobel de Literatura.

Engajamento civil

Heinrich Böll sempre falou aquilo que lhe perturbava e não se deixou ameaçar e muito menos calar. Com seu jeito turbulento, ele apoiava várias iniciativas públicas e organizações como o movimento de paz contra o rearmamento durante a Guerra Fria, a Organização PEN ou o movimento antinuclear. Böll foi um homem de fala firme, sem temer as reações que essa postura pudesse gerar. Esse comportamento pode ser uma lição ainda hoje. Os temas que abordava ainda são atuais, na Alemanha e em qualquer lugar do mundo, como a relação da religião com a política ou o papel da mídia nos conflitos sociais.