Inca aponta que uso de agrotóxicos aumenta casos de câncer no meio rural

 

Estudos apresentados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que as chances de um agricultor exposto a agrotóxicos desenvolver diversos tipos de câncer é mais alta que o normal. Em debate, agroecologia foi apresentada como alternativa.

As pesquisas, elaboradas pelas pesquisadoras Ubirani Otero, do Instituto Nacional do Câncer (Inca), e Neice Faria, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), foram apresentadas na última semana durante seminário sobre Agrotóxicos e Câncer. As informações são da Campanha Permante contra Agrotóxicos e Pela Vida.

Estudos toxicológicos  detalharam no seminário mecanismos pelos quais as moléculas de agrotóxicos podem provocar o câncer. Segundo Ubirani Otero, essas substâncias químicas podem atuar como iniciadores, promotores e aceleradores de mutações, e a maioria das moléculas atua das três formas.

O coordenador-geral do Inca, Cláudio Noronha, disse que já se sabe que 90% dos casos de câncer são relacionados ao ambiente. Ele explica que “grande parte é relacionada ao tabagismo, mas outros agentes já são reconhecidos como cancerígenos”. Noronha declarou a participação do Inca na Campanha Contra os Agrotóxicos, e se comprometeu a fortalecer as pesquisas sobre o assunto.

Karen Friedrich, da Fiocruz, ressaltou que “os agrotóxicos não são um risco, mas uma realidade”.  Segundo ela, “a política de desenvolvimento traz a tecnologia e também seus impactos, havendo muitos interesses por trás.  Interesses esses que ficaram claros logo na abertura do evento diante da ausência do gerente-geral de toxicologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Luiz Cláudio Meirelles.

O servidor teria denunciado um esquema de corrupção na liberação de agrotóxicos, e por isso estaria com o cargo ameaçado. Com isso, foi aprovada uma nota de apoio ao gerente-geral da Anvisa, exigindo imediata investigação do caso denunciado.

A agroecologia como modelo de produção também foi abordada no seminário. Christianne Belinzoni, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), ressaltou o problema na assistência técnica, pois “não têm técnicos capacitados". Por isso, se torna mais fácil e cômodo mandar aplicar o veneno. Já Denis Monteiro, da Articulação Nacional de Agroecologia, ressaltou que a rede agroecológica está há mais de 20 anos provando que é possível produzir alimentos sem agrotóxicos.

 

Fonte: Pulsar Brasil

Fonte da imagem: fitodiasease/Pulsar Brasil